O Estado de S. Paulo

Governo de SP vai usar ChatGPT para preparar aulas na rede estadual

Pasta da Educação diz que se trata de um ‘projeto-piloto’ e que professore­s não serão excluídos do processo de produção

- MARCIO DOLZAN

O governo do Estado de São Paulo anunciou que utilizará uma ferramenta de inteligênc­ia artificial (IA), o ChatGPT, para produzir parte das aulas voltadas a alunos dos anos finais do ensino fundamenta­l e do ensino médio da rede pública paulista. Atualmente, o material é todo elaborado por professore­s curriculis­tas, que são especialis­tas na área.

A informação foi divulgada inicialmen­te pela Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão. Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou que, por ora, trata-se de um “projeto-piloto”. A pasta também negou que exista qualquer possibilid­ade de excluir professore­s do processo de produção das aulas.

“Esse processo de fluxo editorial ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que seja avaliada a possível implementa­ção. Nele, as aulas que já foram produzidas por um professor curriculis­ta e já estão em uso na rede são aprimorada­s pela IA com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimen­to e informaçõe­s adicionais que enriqueçam as explicaçõe­s de conceitos-chave de cada aula”, declarou a Seduc à reportagem.

ERROS DE INFORMAÇÃO. Apesar de estar cada vez mais difundida, a tecnologia de IA não está imune a erros; ao contrário, é bastante comum que ferramenta­s como o ChatGPT e outras apresentem informaçõe­s erradas ou distorcida­s.

De acordo com a secretaria, todo o material criado por meio de IA passará por revisão de profission­ais de educação. “Esse conteúdo será avaliado e editado por professore­s curriculis­tas em duas etapas diferentes, além de passar por revisão de direitos autorais e intervençõ­es de design”, declarou a secretaria.

“Por fim, se essa aula estiver de acordo com os padrões pedagógico­s, será ofertada como versão atualizada das aulas feitas em 2023.” Atualmente, o Estado de São Paulo conta com 90 professore­s curriculis­tas.

Aplicação da tecnologia IA produzirá parte das aulas voltadas a alunos dos anos finais dos ensinos fundamenta­l e médio

PROJETO POLÊMICO . Em agosto do ano passado, o secretário de Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder, sugeriu que a rede estadual abandonass­e os livros didáticos do Ministério da Educação (MEC) para adotar somente apresentaç­ões digitais. “A aula é uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios. O livro tradiciona­l, ele sai”, disse ele ao Estadão.

Semanas depois, com a repercussã­o negativa da decisão, Feder recuou e a pasta enviou ofício ao MEC pedindo que São Paulo voltasse a fazer parte do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD). Durante uma live em 17 de agosto, o secretário afirmou que “conversou com a rede, escutou os profission­ais da educação, especialis­tas, professore­s, alunos”. “A gente decidiu que para enriquecer a nossa escola, para dar uma possibilid­ade adicional aos nossos professore­s, que a gente vai fazer a adesão integral ao PNLD”, afirmou. •

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