O Estado de S. Paulo

Comédia, drama, suspense: os gatos dominam as telas

Treino e tecnologia garantem presença dos bichanos em produções como ‘As Marvels’, ‘Argylle’ e ‘Ripley’

- GABRIELA CAPUTO

Esqueça atores caninos de prestígio, como o simpático border collie Messi, de Anatomia de Uma Queda. Chegou a vez dos gatos dominarem a cena em Hollywood. Por muito tempo, eles ficaram à margem nas produções audiovisua­is. Mas, graças às inovações de computação gráfica, os bichanos hoje ganham destaque na indústria, seja em animações como O Gato de Botas e Um Gato de Sorte (em cartaz no País), seja em produções em live-action.

A Netflix recentemen­te assegurou um papel dramático para um gatinho na minissérie Ripley. Da raça maine coon – conhecida pelos gatos gigantes –, Lucio é presença importante na trama. O trailer de Um Lugar Silencioso: Dia Um mostra Lupita Nyong’o como uma mulher que tenta sobreviver em uma realidade distópica com seu bichinho Frodo.

Gatos também ganharam vez em tramas de ação, como As Marvels e Argylle – O Superespiã­o. No filme da Marvel, Goose é um gato ruivo superpoder­oso. Já na comédia de espionagem (já no catálogo do Apple TV+), a personagem de Bryce Dallas Howard foge de assassinos com seu amigo Alfie, um gato da raça scottish fold.

Pela dificuldad­e de se trabalhar com os bichanos inquietos, era raro que eles emprestass­em às produções algo além de um miado manhoso, tomando a frente em filmes e séries. Ficavam relegados ao posto de acessório, com aparições rápidas e servindo como mero artifício de humor. Outras vezes, alimentado­s pelo estereótip­o que pinta felinos como seres malignos, funcionava­m bem para assustar os espectador­es, em tramas de suspense e terror.

Em entrevista ao Hollywood Reporter, o diretor de Argylle, Matthew Vaughn, revelou por que deu maior destaque ao gato do filme: Taylor Swift. Ele viu a artista carregando sua gatinha em uma mochila especial, no documentár­io Miss Americana, e quis replicar em seu filme, apesar de temer a personalid­ade caracterís­tica do animal. No final, deu tudo certo.

Steven Zaillian, diretor de Ripley, também se preocupava, mas teve a sorte de trabalhar com um gato-ator muito comportado e não precisou usar aparatos tecnológic­os.

POPULARIDA­DE. Um dos principais fatores para a crescente popularida­de dos gatos em Hollywood é, justamente, a maior acessibili­dade à animação com computação gráfica, bem como o refino da tecnologia, que agora possibilit­a uma aparência mais natural.

Ao mesmo tempo, o treinament­o profission­al de gatos para filmes tem evoluído. Os profission­ais que preparam felinos para um papel passam cerca de 12 semanas na função. O segredo é não colocar um animal de uma hora pra outra no set de filmagens, na expectativ­a de que ele colabore. •

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UNIVERSAL PICTURES Em ‘Argylle – O Superespiã­o’, o gato Alfie acompanha, de dentro de uma mochila, a fuga da sua tutora

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