Comédia, drama, suspense: os gatos dominam as telas
Treino e tecnologia garantem presença dos bichanos em produções como ‘As Marvels’, ‘Argylle’ e ‘Ripley’
Esqueça atores caninos de prestígio, como o simpático border collie Messi, de Anatomia de Uma Queda. Chegou a vez dos gatos dominarem a cena em Hollywood. Por muito tempo, eles ficaram à margem nas produções audiovisuais. Mas, graças às inovações de computação gráfica, os bichanos hoje ganham destaque na indústria, seja em animações como O Gato de Botas e Um Gato de Sorte (em cartaz no País), seja em produções em live-action.
A Netflix recentemente assegurou um papel dramático para um gatinho na minissérie Ripley. Da raça maine coon – conhecida pelos gatos gigantes –, Lucio é presença importante na trama. O trailer de Um Lugar Silencioso: Dia Um mostra Lupita Nyong’o como uma mulher que tenta sobreviver em uma realidade distópica com seu bichinho Frodo.
Gatos também ganharam vez em tramas de ação, como As Marvels e Argylle – O Superespião. No filme da Marvel, Goose é um gato ruivo superpoderoso. Já na comédia de espionagem (já no catálogo do Apple TV+), a personagem de Bryce Dallas Howard foge de assassinos com seu amigo Alfie, um gato da raça scottish fold.
Pela dificuldade de se trabalhar com os bichanos inquietos, era raro que eles emprestassem às produções algo além de um miado manhoso, tomando a frente em filmes e séries. Ficavam relegados ao posto de acessório, com aparições rápidas e servindo como mero artifício de humor. Outras vezes, alimentados pelo estereótipo que pinta felinos como seres malignos, funcionavam bem para assustar os espectadores, em tramas de suspense e terror.
Em entrevista ao Hollywood Reporter, o diretor de Argylle, Matthew Vaughn, revelou por que deu maior destaque ao gato do filme: Taylor Swift. Ele viu a artista carregando sua gatinha em uma mochila especial, no documentário Miss Americana, e quis replicar em seu filme, apesar de temer a personalidade característica do animal. No final, deu tudo certo.
Steven Zaillian, diretor de Ripley, também se preocupava, mas teve a sorte de trabalhar com um gato-ator muito comportado e não precisou usar aparatos tecnológicos.
POPULARIDADE. Um dos principais fatores para a crescente popularidade dos gatos em Hollywood é, justamente, a maior acessibilidade à animação com computação gráfica, bem como o refino da tecnologia, que agora possibilita uma aparência mais natural.
Ao mesmo tempo, o treinamento profissional de gatos para filmes tem evoluído. Os profissionais que preparam felinos para um papel passam cerca de 12 semanas na função. O segredo é não colocar um animal de uma hora pra outra no set de filmagens, na expectativa de que ele colabore. •