Houve ‘especulação exagerada’ sobre dividendo, diz Prates
Presidente da Petrobras afirma que decisão do conselho de sexta-feira de distribuir metade do que foi retido em março foi ‘acertada’
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse ao Estadão/Broadcast, que a decisão de levar à assembleia de acionistas da empresa a proposta de pagar 50% dos dividendos extraordinários e reter a outra metade “foi a mais acertada”. Essa era a posição sustentada desde março pela diretoria da petroleira. O conselho de administração da estatal decidiu na noite de sexta-feira pagar metade dos dividendos retidos. A assembleia de acionistas na próxima semana deve ratificar a deliberação.
“Não houve prejuízo que não aquele causado por uma especulação exagerada. A legislação foi respeitada, o acionista controlador fez valer sua prudência e transparência, e a governança foi seguida à risca”, afirmou o presidente da estatal ainda na noite de sexta-feira.
No final da noite de sextafeira, a Petrobras informou por meio de fato relevante que o conselho de administração da companhia decidiu pagar metade dos R$ 43,9 bilhões em dividendos que haviam sido retidos em março.
Segundo Prates, para evitar vazamentos, a discussão sobre o pagamento dos proventos só foi iniciada por volta das 18h30, após o fechamento do mercado de ações. Ao longo do dia, outras pautas foram discutidas e também feitas apresentações de projetos.
No início da noite, a área técnica fez uma explanação detalhada da proposta sobre a repartição dos dividendos, para respaldar a decisão dos membros do conselho. O executivo explicou que a proposta leva em conta todas as fundamentações do endividamento da empresa e dos investimentos, que não serão afetados.
“A reunião ocorreu sem problemas, foi harmônica, uma atmosfera legal”, disse Prates, que na primeira tentativa de apresentar a proposta da diretoria se absteve da votação, depois que a sugestão não foi nem sequer levada em consideração.
Dessa vez, informou o executivo, a decisão foi quase unânime, com apenas um voto contrário, da conselheira representante dos empregados, Rosângela Buzanelli. De acordo com ele, o conselho, legitimamente orientado pelo governo, fez seu papel: pediu informações e foi atendido.
“Não tem nada demais, eles (conselho) têm todo o direito. Não teve intervenção, foi tudo feito através do Conselho e é legítimo o governo orientar seus conselheiros”, disse Prates.
CRISE. A decisão de dois meses atrás gerou uma crise no governo, que envolveu o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e Prates. Aliados do ministro sugeriram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a troca do chefe da estatal. O nome que foi sondado à época foi o do presidente do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. A troca só foi descartada após a intervenção do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que defendeu a manutenção de Prates no cargo. •