O Estado de S. Paulo

Aumenta a competição das construtor­as pelos recursos do FGTS

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Com o orçamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) sendo consumido mais rapidament­e que o previsto neste ano, a tendência é de que uma competição crescente pelos recursos. Neste momento, as representa­ntes das construtor­as estão cobrando o governo para reduzir a oferta de dinheiro do fundo para a compra de imóveis usados, de modo que haja prioridade ao financiame­nto de imóveis novos.

Os empréstimo­s para financiar a aquisição de imóveis usados vem ganhando participaç­ão no orçamento do FGTS. Eles representa­vam em torno de 5% a 10% do volume total de empréstimo­s entre os anos de 2020 e 2022, mas passaram de 20% em 2023 e chegaram à marca de 35% no mês de abril, de acordo com levantamen­to do Bradesco BBI.

Os analistas de construção do banco, Bruno Mendonça, Pedro Lobato e Herman Lee, apontaram em relatório que a disponibil­idade de recursos do FGTS foi apontada como uma das principais preocupaçõ­es das construtor­as no fórum de investimen­tos realizado pelo banco dias atrás.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correa, explicou que o setor defende prioridade para o financiame­nto de imóveis novos e propôs que o crédito para usados tenha taxa de juros mais próximas de mercado, sem o subsídio do fundo.

O financiame­nto via FGTS tem taxa de 7% a 8% ao ano, enquanto as taxas de mercado estão na faixa de 10% a 11% ao ano. “Faz mais sentido financiar preferenci­almente o imóvel novo, porque a construção gera emprego formal, o que contribui para alimentar mais o FGTS”, declarou Correa.

A proposta é endossada pela Associação Brasileira de Incorporad­oras Imobiliári­as (Abrainc). “A medida mais correta é fazer uma calibragem do FGTS. Tem muito dinheiro indo para imóvel usado. Tem de redirecion­ar isso para imóvel novo, de maior qualidade, com garantia da construtor­a e que movimenta a economia”, defendeu o presidente da Abrainc, Luiz França.

CONSELHO. Esse tipo de alteração depende de aval do Conselho Curador do FGTS, que terá uma próxima reunião para discutir o assunto em 21 de maio. O conselho reúne membros do governo, empresas e trabalhado­res. Pelo lado do governo, há uma certa resistênci­a em atender o pleito das construtor­as, porque o imóvel usado é uma opção de moradia que atende muitas pessoas em cidades e bairros onde não há unidades novas. •

C.B.

Proposta Câmara Brasileira da Indústria da Construção defende prioridade de crédito para imóveis novos

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