O Estado de S. Paulo

Nos EUA, mercado descarta corte da taxa de juros no curto prazo

- ALINE BRONZATI

Reunião dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) termina hoje com a expectativ­a de que não haja alteração na taxa de juros da maior economia do mundo. O mercado dá como certo que o índice, de 5,25% a 5,50% ao ano, deve ser mantido – no maior nível desde 2001.

Com isso, as atenções devem se voltar para a entrevista do presidente da autoridade monetária dos EUA, Jerome Powell, que deve ocorrer 30 minutos após a divulgação da decisão da política (marcada para as 15h, pelo horário de Brasília).

Maio era visto como o mês do início dos cortes dos juros nos EUA em meio à euforia dos mercados quanto à tendência de queda da inflação no país. O ânimo do começo do ano, porém, caiu por terra com dados recentes dos preços nos EUA acima do esperado e reforçaram a tese do higher for longer, ou seja, juros altos por mais tempo.

“Com três meses de dados ruins da inflação em mãos, Powell deve sinalizar que o Fed precisa esperar e o tempo dependerá dos dados. Pode ser três meses, seis ou muito mais”, diz o economista-chefe do Santander para os EUA, Stephen Stanley, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

De acordo com Stanley, tanto a postura de Powell quanto os sinais dados pelas projeções econômicas da última reunião do Fed – realizada em 20 de março –, que manteve a indicação de três cortes de juros neste ano, devem sair de cena. “A mensagem que ouvimos nas últimas reuniões, de que o Fed não está cortando os juros, mas pode fazê-lo provavelme­nte em breve, deve sumir de vez.”

Dados piores da inflação americana em janeiro e fevereiro já haviam feito dirigentes do Fed endurecere­m o tom em suas últimas falas antes de entrarem em período de silêncio por conta da reunião desta semana. O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) aumentou 2,7% no acumulado em 12 meses até março, acima dos 2,5% registrado­s em fevereiro.

O Bank of America transferiu a sua expectativ­a de um primeiro corte de junho para dezembro. Já o Santander vê o Fed cortando os juros só em novembro e, na pior das hipóteses, somente em 2025, como alguns dirigentes do Fed têm mencionado. O Citi, por sua vez, migrou sua projeção de primeiro corte de junho para julho. •

O Bank of America transferiu sua expectativ­a de primeiro corte de junho para dezembro

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil