O Estado de S. Paulo

Senado aprova novo projeto de lei do Perse

Extensão do benefício ao setor de eventos vai até 2026 e o seu custo fiscal não pode ultrapassa­r R$ 15 bilhões

- GABRIEL HIRABAHASI

O Senado aprovou ontem à noite, em votação simbólica, o projeto de lei que reformula o Perse (Programa Emergencia­l de Retomada do Setor de Eventos), estabelece­ndo um teto de R$ 15 bilhões de renúncia fiscal até dezembro de 2026, sem correção da inflação. O texto vai agora a sanção presidenci­al.

Depois de apelo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), relatora da matéria na Casa, decidiu não alterar o texto aprovado na Câmara dos Deputados. A primeira versão do seu relatório trazia duas mudanças: a correção do valor total de benefícios do Perse pela inflação e uma cláusula que impedia que empresas com liminares favoráveis na Justiça tivessem acesso aos benefícios do programa.

A correção pela inflação do teto do programa era o foco principal da articulaçã­o do governo, já que o seu impacto fiscal ficaria acima dos R$ 15 bilhões acordados pelo Ministério da Fazenda com a Câmara dos Deputados.

A senadora e o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), seu irmão, se reuniram ontem com Haddad e com o secretário executivo da Fazenda, Dario Durigan. “Houve um apelo do ministro Haddad com relação ao impacto fiscal, porque isso daria um impacto maior, a correção pela inflação”, disse Daniella.

O texto aprovado prevê que 30 atividades terão acesso ao programa. A Fazenda queria, inicialmen­te, reduzir a lista de 44 para 7, mas foi vencida. O Perse foi criado em 2021, durante a pandemia de covid-19, para socorrer empresas de eventos com dificuldad­es financeira­s em razão da interrupçã­o de suas atividades.

RESISTÊNCI­A. O governo tentou extinguir o benefício, alegando que as empresas já se recuperara­m, mas enfrentou a resistênci­a do Congresso, que decidiu dar um fim gradual aos incentivos. Durante as negociaçõe­s, porém, por pressão da Fazenda, a Câmara concordou em limitar os custos do Perse em R$ 15 bilhões até 2026.

A dificuldad­e do governo para acabar com o Perse ocorre num momento em que estão mais limitadas as opções de Haddad para elevar a arrecadaçã­o e, com isso, tentar zerar o déficit nas contas públicas neste ano – a meta fiscal do governo.l

Haddad convenceu relatora no Senado a não incluir a correção do teto de R$ 15 bi pela inflação

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