O Estado de S. Paulo

Alckmin faz dupla com Haddad para ajudar presidente na articulaçã­o

- VERA ROSA

O vice-presidente Geraldo Alckmin tem feito dobradinha com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para obter apoio à segunda etapa da reforma tributária. Alckmin sempre definiu o sistema de impostos como um “manicômio” e, longe dos holofotes, ajudou a conquistar votos na primeira rodada da votação. Agora, voltou a conversar com empresário­s, governador­es e parlamenta­res.

Convidado para um seminário sobre reforma tributária na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na segunda-feira, o vice-presidente citou até mesmo uma iguaria mineira como exemplo do caos na cobrança de impostos. “O pão de queijo era tributado como massa alimentíci­a: 7%. Depois, passou para produto de padaria e o ICMS foi para 12%. Em Minas Gerais, ele está na cesta básica, com 0%. Imaginem, então, os produtos de maior complexida­de.”

As comparaçõe­s vão além. “Estamos lotados de impostos invisíveis: gravata, camisa, sapato, relógio, microfone, é tudo imposto invisível. Os EUA têm menos de 25% de tributo sobre o consumo. Nós temos quase 50%”, completou.

Ao Estadão, Alckmin afirmou que o desafio do governo é melhorar a produtivid­ade.

“A reforma tributária também ajuda muito nisso”, insistiu.

COBRANÇAS. Na segunda-feira da semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Alckmin precisava ser “mais ágil” e “conversar mais” para auxiliar na articulaçã­o do Palácio do Planalto com o Congresso. No mesmo dia, cobrou d eH add ad queperd esse“algumas horas” no Senado ena Câmara, em vez de “ler um livro”.

Dono de estilo discreto, Alckmin atende até mesmo aos domingos pela manhã no gabinete do Ministério do Desenvolvi­mento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), que ele também comanda. Atualmente, tem procurado dirimir dúvidas sobre pontos da regulament­ação da reforma tributária.

Integrante­s do governo avaliam que Alckmin também pode ajudar a aproximar Lula do agronegóci­o e de segmentos religiosos, principalm­ente dos evangélico­s. No domingo, o vice participou da abertura da 29.ª edição da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), ao lado do ministro da Agricultur­a, Carlos Fávaro. Fez um aceno ao setor quando destacou que as prioridade­s do Executivo para o agro, neste ano, são o crédito, o seguro-produção e a armazenage­m.

Expoente do Centrão, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quer votar as propostas antes do recesso parlamenta­r de julho. •

‘Manicômio tributário’ Alckmin define o atual sistema tributário como caótico, e volta a falar com empresário­s e políticos

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