O Estado de S. Paulo

Filme resgata a história da rádio Fluminense FM

Cinema Em cartaz ‘Aumenta Que É Rock’n’Roll’ revisita o trabalho de Luiz Mello na emissora, que só reproduzia sucessos do gênero

- MATHEUS MANS

Foi em 1982 que o jornalista Luiz Antonio Mello resolveu abrir sua rádio. Nascia ali, em um ímpeto revolucion­ário para a época, a Fluminense FM, rádio que só transmitia o melhor do rock, como Blitz, Paralamas do Sucesso e Legião Urbana. E que agora ganha seu próprio filme com Aumenta Que É Rock’n’Roll, em cartaz nos cinemas brasileiro­s.

Dirigido por Tomás Portella (Carga Máxima), o longa-metragem não tem vergonha de se assumir como uma cinebiogra­fia – há todos aqueles elementos aos quais já estamos acostumado­s a ver nesse tipo de história, com a estrutura bem clara de início, meio e fim. O resultado é divertido. Mostra, com detalhes, os bastidores da rádio, com as coisas acontecend­o aos atropelos, causando uma sensação de que tudo pode ruir em um segundo. Por outro lado, há essa importânci­a de resgate, não só da Fluminense FM, mas também de Luiz Antonio.

“Mais do que um resgate de memória, esse filme é uma construção de memória”, resume Johnny Massaro, que interpreta Luiz Antonio nessa empreitada nas ondas do rádio.

MUITO MODERNO. “Eu acho um absurdo ele ter feito tudo o que fez, de tanta importânci­a, e passar despercebi­do na rua”, protesta Portella, que teve muitos contatos com Luiz para montar a produção. “O filme tem a ver com nos reconhecer­mos como brasileiro­s, saindo desse lugar de vira-lata e mostrando que quando o Brasil é moderno, somos muito modernos.”

Uma coisa que surpreende é perceber quantas músicas brasileira­s fazem parte dessa história e estão no filme – caso de canções do Legião Urbana, por exemplo, geralmente tão difíceis para liberação, assim como sucessos de Blitz, Lobão e alguns internacio­nais.

Curiosamen­te, Portella conta que essa foi a parte fácil do processo. “Os artistas, quando sabiam que era para um filme sobre o Luiz Antonio e sobre a Fluminense, liberavam na hora. O Lobão nem quis cobrar”, conta o cineasta. O que deu trabalho foi reproduzir todas as histórias. “Dava pra gente fazer uma série”, diz Portella.

Outro ponto importante: o filme mostra que a Fluminense foi a primeira rádio a ter um trabalho de locução 100% feminino. Quem representa isso melhor na tela é Marina Provenzzan­o, atriz que vive Alice, uma locutora que não quer saber de agradar aos outros e que segue o próprio caminho.

“É maravilhos­o fazer essa mulher que é motoqueira, que manda o chefe calar a boca, que não deixa que a demitam”, diz Marina. “Essa rádio é especial. Tem um lugar de empoderame­nto com essa questão da locução. Isso acaba representa­do na Alice, que tem muita potência, muita coisa reprimida que ela coloca pra fora. Resume a história da rádio.” •

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MARIANA VIANNA Massaro (Luiz Mello) e Marina Provenzzan­o (Alice) em cena do longa

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