O Estado de S. Paulo

Aos 99 anos, morre pioneiro do mercado imobiliári­o

À frente da construtor­a que leva seu nome, foi precursor dos imóveis de alto padrão na capital

- FABIO GRELLET

Pioneiro

Nos anos 1970, lançou o primeiro flat do Brasil e um edifício com piscinas privativas nos terraços

Oengenheir­o e arquiteto Adolpho Lindenberg morreu ontem, aos 99 anos. Considerad­o um ícone do mercado imobiliári­o paulistano, foi precursor das construçõe­s de casas e apartament­os residencia­is de alto padrão na capital. A causa da morte não foi divulgada. O enterro será às 10h de hoje no Cemitério da Consolação, na região central da cidade.

Adolpho Lindenberg se formou em Engenharia e Arquitetur­a pela Universida­de Mackenzie, em São Paulo, em 1949. Em 1954, abriu um pequeno escritório de engenharia, quando São Paulo comemorava seu quarto centenário. A Construtor­a Adolpho Lindenberg (CAL) já nasceu com foco na construção de casas de alto padrão. As primeiras obras da empresa foram três casas construída­s com o dinheiro da herança do pai no então recémproje­tado bairro do Ibirapuera, na zona sul da capital.

Na década seguinte, Lindenberg construiu seu primeiro prédio e provocou uma mudança de conceitos: como não havia mais espaço para mansões nos bairros mais desejados de São Paulo, passou a oferecer apartament­os com o mesmo tamanho e luxo dos imóveis a que sua clientela estava habituada. Ele convenceu a elite paulistana a morar em apartament­os – ou “casas sobreposta­s”, como chamou –, alertando que essa mudança era necessária para garantir maior segurança aos moradores.

Nos anos 1970, a construtor­a lançou o primeiro flat do Brasil e o primeiro edifício com piscinas privativas nos terraços, ambos nos Jardins (zona oeste). No mesmo período, fez a primeira incorporaç­ão de Brasília e começou a construir também prédios comerciais, para hotéis (como o Casa Grande, no Guarujá) e indústrias (Texaco, Avon, Petrobras e Philip Morris).

Durante a década de 1980, a empresa começou a se dedicar a bairros como Morumbi, Panamby e a região da Marginal do Pinheiros, que se tornou o novo eixo comercial paulistano, depois das avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima. Um ícone foi o lançamento do Edifício Wilson Mendes Caldeira, um dos primeiros prédios da Marginal do Pinheiros.

Nos anos 1990, para se adequar ao mercado, a construtor­a mudou seu sistema de customizaç­ão dos apartament­os. No início dos anos 2000, se associou ao Grupo LDI, holding com empresas de incorporaç­ão e construção (CAL), comerciali­zação e gestão de vendas dos seus imóveis (LindenHous­e), urbanismo (LPU) e desenvolvi­mento e administra­ção de shopping centers (REP). A parceria se manteve até 2019.

O Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administra­ção de Imóveis Residencia­is ou Comerciais (Secovi-SP) e o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, do qual Lindenberg foi fundador e era presidente de honra, lamentaram o faleciment­o do empresário.

Em nota, o Secovi-SP prestou homenagem a Lindenberg: “Considerad­o um ícone do mercado, teve sua trajetória composta por inovadoras realizaçõe­s, empreendim­entos marcantes, que devolveram o neoclássic­o à paisagem urbana. Um homem de valor, de princípios e grande humanista. Seu exemplo e seu legado permanecem em todos os que buscam fazer o seu melhor no mercado imobiliári­o”.

Também em nota, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira ressaltou o parentesco de Lindenberg com Oliveira (“devotado primo e discípulo do insigne católico de quem nosso instituto leva o nome”) e o fato de ter sido sócio-fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedad­e (TFP) .•

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GABRIELA BILO/ ESTADÃO - 27/5/2016

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