Jorge Takla ambienta ‘Carmen’ na Espanha de Francisco Franco
A cigana Carmen deixa a fábrica de cigarros e, rodeada pelas demais funcionárias e pelos homens que passam pela praça, canta uma das passagens mais famosas de toda a história da ópera, a Habanera. “O amor é um pássaro rebelde, ele jamais quis saber de leis”, ela diz. “E é em vão que o chamamos, se ele prefere não atender.”
Em uma nova produção de Carmen, de Bizet, no entanto, o cenário em que a personagem se apresenta ao público será diferente. Sai a fábrica de cigarros, entra um ateliê de alta-costura; da Sevilha do século 19, vamos para a Espanha dos anos 1960, sob o controle da ditadura de Francisco Franco; Carmen não é mais uma cigana, mas uma modelo celebrada por todos.
É essa a visão do diretor Jorge Takla para a montagem, que estreia nesta sexta, 3, no Teatro Municipal de São Paulo. “Pensei em como manter a essência da história e, ao mesmo tempo, mudar o contexto em que ela se passa. É uma leitura tradicional das personagens, mas em uma ambientação nova”, ele explica.
Na ópera original, que estreou em 1875 no contexto do realismo na arte francesa, o soldado Don José se apaixona por Carmen e, incapaz de compreender seu espírito livre, distante das convenções sociais da época, se perde em seu desejo, abandona a noiva escolhida por sua mãe, se une a um grupo de contrabandistas e acaba por assassinar a cigana.
A produção de Takla conta com dois elencos. As meios-sopranos Annalisa Stroppa e Lilia Istratii interpretam Carmen; os tenores Max Jota e Giovanni Tristacci, Don José; Camila Titinger e Marly Montoni serão Micaela; e Fabián Veloz e Bongani Justice Kubh, Escamillo. A direção musical é do maestro Roberto Minczuk. •
Carmen Teatro Municipal.
Praça Ramos de Azevedo, s/n.º. Dias 3, 4, 5, 7, 8, 10 e 11. 3ª a 6ª, 20h. Sáb. e dom., 17h. R$ 12/R$ 165