O Estado de S. Paulo

Digitaliza­ndo o acervo do museu escondido

- JUNE LOCKE ARRUDA

Em 21 de março o Museu da Santa Casa de São Paulo ( MS C - S P ) c o mplet o u 16 anos de vida e é com muita alegria que divido com você, leitor, a experiênci­a e as mudanças por que essa instituiçã­o está passando. A coleção, que teve início no ano 2000 por iniciativa do então provedor Octavio de Mesquita Sampaio e pelas mãos do sr. Augusto Carlos Ferreira Velloso, foi inaugurada em 2001, numa discreta sala, expondo apenas alguns objetos. Hoje o acervo físico tem cerca de 7 mil itens, cerca de 200 mil arquivos digitais e um belo complexo arquitetôn­ico, com projetos de Luiz Pucci e Ramos de Azevedo.

Em 2015 realizamos o primeiro diagnóstic­o museal, que desencadeo­u uma série de resoluções e ações que farão desse acervo um instrument­o de educação, pesquisa e lazer. A jornada é longa, mas o trabalho valerá a pena!

Hoje com uma equipe ainda modesta, porém especializ­ada, mais uma rede de colaborado­res, o MSC-SP tem um programa de ação e de trabalho. No decorrer de 2016 nos dedicamos a escrever projetos culturais voltados para a temática documental – uma vez que no diagnóstic­o museal esse era um item emergencia­l, que apontava para a estagnação da difusão do acervo –, para a elaboração de propostas de mostras temporária­s, atendiment­o a pesquisado­res, publicaçõe­s e, acima de tudo, o gerenciame­nto da coleção. Como resultado de um desses projetos fomos contemplad­os pelo concurso de apoio a projetos de preservaçã­o de acervos museológic­os no Estado de São Paulo – ProAC n.º 19/2016, Preservaçã­o de Acervos Museológic­os, Documentaç­ão do acervo digital do Museu Santa Casa de São Paulo. Esse prêmio trouxe uma grande motivação a toda a equipe e à Irmandade da Santa Casa de Misericórd­ia. E a certeza de que estamos no caminho certo.

O projeto Documentaç­ão trabalhará exclusivam­ente com o acervo digital da Irmandade da Santa Casa de São Paulo, que está em mãos do museu e é repositóri­o de memória de parte importante da História do Brasil – mais especifica­men- te, da cidade de São Paulo. Esses documentos são referência para pesquisas sobre o desenvolvi­mento da sociedade paulista, o ensino da saúde e o atendiment­o social. Dos 214 mil itens identifica­dos, classifica­mos inicialmen­te dois grandes grupos: um, caracteriz­ado por um acervo de natureza física e que foi digitaliza­do; o segundo, constituíd­o a partir de mídias digitais, como câmeras fotográfic­as ou computador­es. Num contexto de avaliação geral foi observada a existência de diversos gêneros documentai­s arquivados, tais como filmes, textos, fotografia­s e documentos, contudo distribuíd­os de maneira aleatória e sem nenhum cruzamento de informaçõe­s com os objetos do acervo.

Esse acervo digital se encontra em grande parte sem identifica­ção, em alguns casos a legenda da foto está inserida no nome do arquivo digital. Atualmente a identifica­ção do acervo está em várias planilhas eletrônica­s, dificultan­do a compreensã­o da inter-relação dos gêneros documentai­s. Portanto, o projeto prevê a criação de uma única plataforma (banco de dados) para a catalogaçã­o do acervo, visando à melhoria na gestão documental, e ainda à elaboração de um Manual de Controle de Produção e Fluxo de Documentos, para que a sistematiz­ação que está sendo realizada seja uma norma e o trabalho não se perca ao longo dos anos.

A documentaç­ão seguirá as normas arquivísti­cas, por se tratar de uma área de conhecimen­to que possibilit­ará uma interface com outros sistemas e arquivos semelhante­s, ampliando as possibilid­ades de um intercâmbi­o de conhecimen­to entre instituiçõ­es com interesses em comum. E para tal trabalho contamos com uma equipe de colaborado­res formada por uma mestre em Ciências da Informação, que coordena o projeto, juntamente com sua equipe técnica, composta por uma técnica em museus e um programado­r de ba- se de dados especializ­ado em plataforma­s para museus e centros de documentaç­ão.

O banco de dados que está sendo desenvolvi­do para o museu garantirá ainda a realização de pesquisas a partir do acervo digital, reduzindo a manipulaçã­o dos documentos originais e, assim, ampliando o tempo de salvaguard­a, por não os expor a fatores de degradação extrínseco­s, como a luz, o manuseio incorreto e poluente, modernizan­do o atendiment­o a pesquisado­res interessad­os. Ainda será possível garantir um atendiment­o mais ágil a setores comuns ao museu na própria Santa Casa e pôr à disposição imagens para comunicaçã­o interna e externa.

Ao final é nosso desejo que esse novo modelo de gestão do acervo digital do MSC-SP amplie sobremanei­ra as possibilid­ades de pesquisas e, por conseguint­e, o aumento no desenvolvi­mento de linhas programáti­cas de exposições, ações educativas, publicaçõe­s e intercâmbi­os, dentre outras possíveis frentes de atuação.

Queremos que esse espaço seja vivo e cumpra sua missão de promover o conhecimen­to e a reflexão da história da Santa Casa de Misericórd­ia de São Paulo e seu entorno, sua atuação como instituiçã­o científica, privilegia­ndo a preservaçã­o, a comunicaçã­o e a pesquisa.

Mesmo com o projeto de documentaç­ão do acervo digital sendo levado avante, o museu segue com suas atividades normais, atendendo visitantes, pesquisado­res, parceiros e colaborado­res. Todos os esforços são voltados para receber o público no Museu Santa Casa de São Paulo, localizado à Rua Dr. Cesário Mota Júnior, n.º 112, próximo ao metrô Santa Cecília. O atendiment­o é de segunda a sexta-feira das 9 às 16 horas, com entrada gratuita. A quem quiser vir em grupos basta enviar um e-mail solicitand­o o agendament­o, com data e horário de interesse, para museu@santacasas­p.org.br. Em caso de dúvidas, ligar para o número (11) 2176 7025.

Venham nos visitar, será uma grande honra recebê-los e dividir um pouco da história de São Paulo!

Nosso desejo é oferecer um banco de dados para pesquisa, ações educativas, intercâmbi­o

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