CORRUPÇÃO
Detenta privilegiada
Adriana Ancelmo poderá ganhar o privilégio da prisão domiciliar, a Justiça autorizou a mulher de Sérgio Cabral a sair de Bangu já nesta semana. Depois de levar o Estado do Rio de Janeiro à insolvência, eles ainda são merecedores de algumas benesses inexplicáveis: Cabral não é monitorado por câmeras dentro da prisão, Adriana não gostou de ser tratada como detenta comum e conseguiu que a carcereira fosse transferida de ala. O que acontece? Ainda há quem defenda essa escória social, depois de tudo o que vemos o povo fluminense passar? A ser verdade que em casa Adriana não terá acesso a internet nem a telefone fixo e celular, fico na dúvida se seus filhos vão querer mesmo morar com a mãe. Já viram, adolescentes sem acessar a internet... A menos que essa proibição seja só para inglês ver.
Me engana que eu gosto
Essa operação feita no apartamento de Adriana Ancelmo, cortando e retirando todos os meios de comunicação com o exterior, deveria ter sido batizada de “me engana que eu gosto”. Se até em presídios de segurança máxima, vigiados as 24 horas do dia por câmeras e agentes, celulares entram com a maior facilidade, como a Justiça vai garantir que ela ficará sem acesso à internet e sem telefone, já que ninguém a estará vigiando o tempo todo? RONALDO GOMES FERRAZ ronferraz@globo.com Rio de Janeiro
Outras mães presidiárias Há algo de podre no Poder Judi- ciário. A primeira instância libera a prisão domiciliar da mulher de Cabral, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro manda ficar na cadeia e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manda soltar. Ainda falta o Supremo! Não se vê essa divergência entre juízes nem mesmo nos EUA. Os magistrados também se importam com os milhares de presidiárias que têm filhos bebês, sem pais, sem família, que vão para a cadeia por qualquer motivo? Com o desemprego, as prisões estão lotadas de pais que não têm como pagar pensões judiciais nos valores estipulados. LUIZ FERNANDO PEGORER eng.pegorer@gmail.com Santos
Aberração judicial
Todas as mães com filhos menores de 12 anos agora poderão matar, roubar, traficar drogas, cometer atos de corrupção ou qualquer outro tipo de crime e ficar livres do cárcere, a permanecer a decisão liminar do STJ que autorizou a auxiliar de corrupção Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio de Janeiro, a cumprir a pena em seu domicílio. A decisão da ministra Maria Thereza de Assis Moura é baseada no Estatuto da Primeira Infância, segundo o qual as presas com filhos menores de 12 anos “podem” cumprir a sentença em casa. Não me parece ter havido bom senso na decisão da magistrada. Como a presidiária é pessoa pública, a ministra deveria saber que os filhos de Adriana têm familiares (avós, tios, primos...) que poderiam cuidar deles, além de muito dinheiro para pagar a cuidadores. E há o Conselho Tutelar. Se não revogada, essa decisão abrirá precedente, portanto, para toda criminosa, por mais hediondos que sejam seus crimes, ser posta em prisão domiciliar. MAURO DE CAMPOS ADORNO FILHO maurinhoadorno@gmail.com Mogi-Mirim Crimes hediondos
Os crimes de colarinho-branco são de uma letalidade imensurável. Quantas pessoas morrem por deficiências no sistema de saúde, quantas crianças e adolescentes são arregimentados pelo tráfico por falta de escolas, quantas doenças incuráveis por falta de esgoto e água potável? A decisão do STJ de liberar a ex-primeira-dama, cúmplice de Sérgio Cabral, para prisão domiciliar é uma afronta à sociedade honesta e cumpridora dos deveres. No Brasil atual o crime de fato compensa, a prisão dos mais pobres é diferenciada e a Justiça é mais complacente com quem faz vasto tráfico de influência. LUIZ FELIPE SCHITTINI fschittini@gmail.com Rio de Janeiro
Trambiqueiros “É como se o Brasil fosse um país de trambiques”, disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro da Suprema Corte do País, Gilmar Mendes, ao criticar o vazamento de depoimentos sigilosos da Odebrecht. Pergunto ao prezado exmo. sr. ministro: e não é? LAZAR KRYM lkrym@terra.com.br São Paulo
Questão relevante
O ministro Gilmar Mendes decidiu instaurar sindicância para apurar o vazamento dos depoimentos dos delatores da Odebrecht. Para quem está de fora – no caso, nós, os brasileiros comuns –, o ministro passa a nítida impressão de estar firmemente imbuído da intenção de “melar” o bom andamento da Operação Lava Jato. Com todo o respeito a Sua Excelência, o que seria mais relevante: o gravíssimo conteúdo das tais delações ou o fato de haverem sido vazadas?