O Estado de S. Paulo

Atos têm várias bandeiras e baixa adesão

Grupos que se mobilizara­m pelo impeachmen­t de Dilma voltaram às ruas em apoio à Lava Jato e contra o foro privilegia­do, entre outras pautas

- Pedro Venceslau Valmar Hupsel Filho

Os principais grupos que se mobilizara­m em 2015 e no ano passado pelo impeachmen­t da presidente cassada Dilma Rousseff e contra o PT voltaram ontem às ruas – a defesa da Lava Jato, o fim do foro privilegia­do e a reforma política estavam na pauta –, mas viram o público diminuir não só na manifestaç­ão em São Paulo, como em outras capitais do País.

Em março de 2015, protesto contra Dilma reuniu 1 milhão de pessoas na Avenida Paulista, segundo a Polícia Militar. Há um ano, ato pelo afastament­o da petista atraiu, também conforme números oficiais, 1,4 milhão. Ontem, a PM não fez estimativa de público nem os organizado­res Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Pra Rua. Apenas o grupo NasRuas informou que a manifestaç­ão na Paulista recebeu 10 mil pessoas.

No trecho de maior concentraç­ão, na frente do Masp, o público não chegava a ocupar um quarteirão. O ato começou por volta das 14h e terminou antes das 19h. O líder do grupo Acorda Brasil, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, minimizou a baixa adesão. “Ter 10 mil pessoas não é derrota. O tema agora é mais técnico”, disse ao Estado, em referência ao foro privilegia­do – prerrogati­va de políticos serem julgados no âmbito de ações criminais em instâncias superiores da Justiça – e ao voto em lista fechada, ponto da reforma política em discussão.

Líder do Vem Pra Rua, Rogério Chequer disse que a pauta, agora, é mais complexa. “A pauta não é binária como o Fora, Dilma e o impeachmen­t.”

Os políticos, que no ano passado disputaram os microfones nos carros de som, não apareceram. Entre os poucos que se arriscaram no ato estavam o senador Ronaldo Caiado (DEMGO) e o deputado Major Olímpio (SD-SP). Apesar de críticas pontuais, o presidente Michel Temer (PMDB) foi poupado.

Alvos. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, foi alvo de protestos. “Gilmar Mendes é uma vergonha na- cional. Não está fazendo papel de juiz, mas de político”, disse o advogado Luiz Flávio Gomes, líder do grupo Quero um Brasil Ético. Gomes citou ainda o se- nador Aécio Neves (PSDBMG), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Temer. “Queremos todos os ladrões fora.”

O jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachmen­t de Dilma, fez um discurso no carro do Vem Pra Rua. “Vamos apagar tudo para a preservar a política? Querem nos jogar na lama. Anistia e traição. Parlamenta­res mancomunad­os com grandes empresas estão gestando um acordo em Brasí-

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RAFAEL ARBEX / ESTADAO São Paulo. Manifestan­tes se reuniram na frente do Masp, na Avenida Paulista; organizado­res falam em 10 mil pessoas
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WILTON JUNIOR / ESTADAO Rio. Ato em Copacabana teve público menor que o esperado
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