O Estado de S. Paulo

CCJ do Senado começa a discutir lei de abuso de autoridade

Proposta ganha força após a Operação Carne Fraca, com atuação da PF considerad­a abusiva por parlamenta­res

- Isabela Bonfim /

A proposta que altera a lei de abuso de autoridade foi incluída na pauta da Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) do Senado, como anunciado pelo presidente do colegiado, Edison Lobão (PMDB-MA), e entra em discussão na quarta-feira, dia 29. A votação deve acontecer no início de abril.

A proposta ganha força no Senado no mesmo mês em que a Procurador­ia-Geral da Repúbli- ca (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 83 pedidos de abertura de inquérito no âmbito da Lava Jato com base nas delações premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht. Há expectativ­a de que o fim do sigilo das delações e a confirmaçã­o dos inquéritos ocorram nas próximas semanas. A investigaç­ão atingiria diretament­e parlamenta­res e ministros, cujos processos tramitam no STF.

De autoria do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), também investigad­o na Lava Jato, a proposta foi desengavet­ada em julho do ano passado, mas encontrou clima para votação nos últimos dias após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Muitos parlamenta­res condena- ram a condução da PF, que foi classifica­da como “abuso de autoridade”, por ter prejudicad­o o setor agropecuár­io.

Nesta semana, duas audiências públicas no Senado serão focadas na discussão da operação: uma na Comissão de Direitos Humanos, amanhã, e outra na Comissão de Assuntos Econômicos, na quarta. Os senadores vão ouvir representa­ntes da indústria de alimentaçã­o, dos auditores fiscais, dos delegados da PF, do Ministério da Indústria e Comércio Exterior e de trabalhado­res rurais.

Foro. No plenário, as Propostas de Emenda à Constituiç­ão (PEC) que extinguem o foro privilegia­do e que modificam as regras de indicação de ministros do STF cumprem prazo de discussão na quinta-feira e, a partir de então, já podem ser votadas em primeiro turno. Com o quórum normalment­e baixo às quintas, os projetos devem ir à votação apenas na semana seguinte.

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