O Estado de S. Paulo

No Morumbi, empate ruim para os dois

São Paulo e Corinthian­s ficam no 1 a 1, completam cinco jogos sem vitória e permanecem em alerta para a sequência de jogos decisivos no semestre

- Renan Fernandes

Com proposta de encontrar equilíbrio entre ataque e defesa na temporada, São Paulo e Corinthian­s não passaram de um empate por 1 a 1, ontem, no Morumbi. Voltando de lesão, o zagueiro Maicon fez para os donos da casa, mas o atacante Jô voltou a brilhar em clássicos. O resultado mantém a sequência de cinco jogos sem vitória das duas equipes e acende um sinal de alerta dos dois lados – ambos em queda de rendimento às vésperas de jogos decisivos pelo Estadual e Copa do Brasil.

Com 17 pontos, o São Paulo divide a primeira posição do Grupo B com o Linense e vai ter de esperar a última rodada, quando enfrenta o São Bernardo, fora de casa, para saber sua posição no torneio. Já o Corinthian­s tem vaga assegurada nas quartas de final, mas com 21 pontos não consegue mais alcançar o Palmeiras, que soma 25, na luta pela melhor campanha da primeira fase.

Dono do melhor ataque da competição, o time do Morumbi foi para campo com uma defesa quase toda modificada, na tentativa de encerrar a série de 12 jogos seguidos tomando pelo menos um gol. Recuperado­s de lesão, Maicon e Rodrigo Caio deram mais experiênci­a ao miolo de zaga. O goleiro Renan Ribeiro, mais uma vez, ficou com o posto de Sidão, fora por causa de dores nas costas. Na direita, Araruna foi improvisad­o depois da baixa do lateral Bruno.

Mas quando o árbitro apitou, não foi possível testar as modificaçõ­es por conta da inoperânci­a do ataque corintiano. Os donos da casa ficaram praticamen­te todo o jogo com a posse de bola. Apesar de não acertar o gol de Cássio na primeira etapa, os são-paulinos eram mais incisivos e acuaram o rival.

Se não era exigido na defesa, Maicon foi ao ataque no começo do segundo tempo e abriu o placar em cobrança de escanteio. Na comemoraçã­o, o jogador levou um amarelo por imitar uma galinha – apelido pejorativo dado pelos adversário­s aos torcedores do Corinthian­s – somente a torcida são-paulina pôde acompanhar a partida.

Mas ao invés de controlar o duelo com a vantagem, o São Paulo continuou atacando em bloco para ampliar o marcador. A atitude, corajosa, também acabou abrindo espaços para o Corinthian­s trabalhar mais a bola.

E em um desses lances, Jô, autor dos gols nos clássicos com Palmeiras e Santos, apareceu. Em uma das poucas jogadas certas de linha de fundo, o centroavan­te apareceu livre na pequena área e cabeceou forte: 1 a 1.

Se pelo lado são-paulino o problema era acertar a defesa, do outro lado, a dor de cabeça era oposta. Desde quando assumiu de forma definitiva o cargo de técnico, Fábio Carille priorizou o sistema defensivo, mas o setor de criação sofre demais para criar chances de gol. Para a partida, a aposta de melhorar a criativida­de do time estava nos pés de Pedrinho e Jadson.

Destaque na conquista da Copa São Paulo deste ano, o jovem de 18 anos fez sua segunda partida como titular da equipe profission­al. Já o experiente meia retornou depois de ser poupado do último confronto.

Contudo, a dupla pouco conseguiu criar e voltou a deixar Jô isolado no ataque. Nos minutos finais, o confronto ficou franco. Wellington Nem e Léo Jabá perderam chances claras de garantirem a vitória. Com a partida encerrada, os jogadores do São Paulo pressionar­am muito a arbitragem, reclamando da expulsão de Nem e da ausência do mesmo critério com Pablo. O jogo reuniu vários meninos surgidos na base dos dois times.

Tabu. O São Paulo não ganha do Corinthian­s no Morumbi pelo Paulista há 10 anos. A última vitória pelo torneio foi conquistad­a em 2007, por 3 a 1, teve gols de Lenilson, Leandro e do então capitão Rogério Ceni.

A comemoraçã­o do gol do São Paulo no clássico esquentou o clima entre os jogadores. O zagueiro Maicon, após marcar, saiu correndo e imitando uma galinha. Na entrevista coletiva após o jogo, Maicon bem que tentou evitar mais polêmicas, mas não se segurou e deixou claro que rebateu a uma provação do atacante corintiano Kazin, que não jogou por estar machucado.

No sábado, o jogador turco, em postagem numa rede social, se referiu ao São Paulo como “bambis”. Durante a pré-temporada, no Torneio da Flórida, nos Estados Unidos, Maicon e Kazin trocaram empurrões em campo e foram expulsos. Ontem, teve mais.

“Foi uma comemoraçã­o que veio na hora, não é provocação, não sou igual a certos babacas que ficam na internet falando gracinhas aqui e ali, nem jogar eles jogam. Só quer dar uma de favelado”, disparou Maicon. Na visão da arbitragem, o zagueiro extrapolou e foi punido com um cartão amarelo.

“Não prejudique­i a minha equipe com o cartão que recebi. É claro que eu poderia ter evitado. O futebol está muito chato. Não pode comemorar, não pode tirar a camisa, não pode fazer nada”, criticou o jogador do São Paulo.

Ao ser informado de que uma conta do Corinthian­s em rede social havia postado que o atacante Jô era o “homem mais procurado pelo Ibama”, Maicon rebateu: “Cada um escreve o que quer. Tenho de fazer um bom papel dentro de campo”.

 ?? ALEX SILVA/ESTADÃO ?? Disputa. Balbuena e Gilberto brigam pela bola durante o clássico entre São Paulo e Corinthian­s, ontem no Morumbi
ALEX SILVA/ESTADÃO Disputa. Balbuena e Gilberto brigam pela bola durante o clássico entre São Paulo e Corinthian­s, ontem no Morumbi
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