O Estado de S. Paulo

Programas são resultados de longa negociação

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Os programas de conteúdo de marca não são produzidos da noite para o dia. Pelo contrário: são feitos com base em muita negociação, pois geralmente incluem quatro partes que precisam colaborar e concordar. Além dos executivos da empresa, sentam à mesa representa­ntes da emissora de televisão que exibirá o programa, da produtora encarregad­a e da agência (ou agências) de publicidad­e da marca. Além dos aspectos criativos da atração proposta, as partes precisam lidar com aspectos econômicos (como o valor a ser gasto no projeto) e de imagem (relativo a temas aos quais a marca quer ou não se vincular). car”, diz um dos entrevista­dos.

Embora a força dos conteúdos de marca esteja ainda mais concentrad­a no canal Home & Health, outras marcas da Discovery também começam a desenvolve­r conceitos semelhante­s. É o caso de Sinestésic­os – Sentidos Cruzados, atração que teve a participaç­ão da marca de automóveis francesa Peugeot.

A montadora acabou usando a parceria com o Discovery como uma “catapulta” para o lançamento de um novo automóvel. A campanha se desdobrou para o meio digital – a empresa completou a estratégia ao trabalhar em conjunto com o Facebook.

De maneira geral, o conteúdo de marcas vem crescendo dentro da Discovery Networks. “Em 2015, fizemos seis projetos de formato longo (de 22 minutos ou mais)”, conta Cris Orlan- di. “No ano passado, chegamos a dez, e as solicitaçõ­es de marcas vêm crescendo.”

Escopo. Em alguns casos, o patrocínio de uma marca pode viabilizar grandes projetos de um canal. A Viacom, por exemplo, conseguiu destaque para a MTV – voltada ao público jovem – durante a Olimpíada do Rio graças a uma parceria com a Coca-Cola. As duas marcas se uniram tanto na concepção dos shows que foram promovidos no Boulevard Olímpico quanto na divulgação do evento na internet e no formato de exibição do conteúdo captado pela emissora.

No Rio Content Market, o executivo André Furtado, da Viacom Brasil, conta que a parceria com a Coca-Cola ajudou a MTV, um canal não ligado ao mundo dos esportes, a ficar en- tre os tópicos mais discutidos no Twitter durante os jogos – com a hashtag #ocupamtv. Esse resultado veio mesmo com a emissora tendo de disputar espaço na mídia com todos os patrocinad­ores oficiais do evento e com os feitos dos atletas.

Para a Coca-Cola, a parceria com a MTV serviu para reforçar a estratégia de tornar a Olimpíada uma experiênci­a marcante para os consumidor­es da marca. “A Olimpíada, que acontece a cada quatro anos, é uma oportunida­de para nos fixarmos na memória afetiva (das pessoas)”, diz Adriana Knackfuss, diretora de comunicaçã­o integrada de marketing da Coca-Cola.

Segundo a executiva, a empresa trabalha com parceiros e com agências de publicidad­e para encontrar projetos criativos que venham solidifica­r o lugar que a marca já conquistou na cultura pop.

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