Qual Viagem

BOTSWANA & QUÊNIA

- Lawrence Wahba

Aos quatorze anos de idade ganhei dos meus pais um presente inesquecív­el, uma viagem para África. Eles não podiam imaginar que aquele presente iria mudar minha vida para sempre.

Desde muito pequeno eu era fascinado por animais. Devorava os livros da coleção “Os Animais”, passava horas na TV vendo Jacques Cousteau e “O Mundo Animal” e meu grande sonho era um dia conhecer a África. Em 1982 meu pai, que nasceu no continente africano, no Egito, levou a família para fazer safári no Quênia.

Passados 34 anos e 19 visitas a “Mama África”, aquela primeira vez ainda está viva em minha memória. O cheiro for te da terra, o vermelho sangue do pôr do sol, os sons de cantos e vozes - animais e humanos – são lembranças dos sentidos aguça- dos pela visita ao “berço da humanidade”, onde me conectei com meus instintos mais primitivos.

Foi ali no Quênia, entre leões, elefantes e rinoceront­es, que meu amor pela natureza foi forjado. Paixão a primeira vista que tive o privilégio de transforma­r em profissão. Por ironia do destino nunca voltei ao Quênia, mas de lá pra cá safáris na África do Sul, Ruanda, Zâmbia, Zimbabwe, Tanzânia e Botswana, passaram a fazer parte de minha vida.

Detesto comparar destinos. Cada qual tem seus encantos e vivi momentos mágicos em cada um dos países listados acima, mas ao ser perguntado pelo editor de Qual Viagem sobre meu destino favorito na África, a resposta saiu tão fácil que me surpreendi: Botswana!

Muitas das aventuras que vivi do outro lado do Atlântico foram registrada­s nas matérias e documentár­ios que fiz para TV, mas agora, ao completar 25 anos de carreira, minhas imagens da África atingiram outra dimensão, muito maior, chegando as telas de cinema.

Dia 6 de abril estou lançando “Todas As Manhãs do Mundo”, meu primeiro filme, que mistura fantasia e realidade. Cenas de animais e paisagens captadas ao longo de 44 semanas em alguns dos mais belos santuários naturais do Planeta ilustram uma história narrada pelo Sol e pela Água, “pai” e “mãe” da vida na Terra, nas vozes de Ailton Graça e Leticia Sabatella.

Nas filmagens passei 30 dias na África, 18 dos quais em Botswana, onde tive o privilégio de filmar batalhas épicas de leões contra búfalos na remota Ilha de Duba no Delta do Okavango. Depois fiz um safári móvel pela reserva de Moremi, ou seja, íamos mudando o local do acampament­o a medida que encontráva­mos concentraç­ão de vida selvagem. Era estação seca e os animais se movimentav­am atrás de água e nossa equipe se movimentav­a atrás dos animais.

A tela grande dos cinemas ajuda nossas imagens darem uma dimensão do que é Botswana, mas não se iludam, por maior que seja a tela só há uma maneira de sentir a verdadeira magia da mãe África: cruzar o Oceano Atlântico!

E eu aler to, ao fazê-lo, sua vida pode mudar para sempre.

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