Érica Soares continua a aguardar bolsa prometida pelo Governo

A jovem nadadora internacional cabo-verdiana, Érica Soares, continua a aguardar a prometida bolsa de estudos do Governo para continuar os estudos no Senegal. A promessa do Governo foi feita pelo ministro do Desporto em Setembro de 2019, quando esta atleta tarrafalense fez a travessia a nado entre Quebra Canela/Cidade Velha. U

m ano após ter protagonizado a travessia Quebra Canela/Cidade Velha a nado, com o tempo de seis horas e meia, Érica Soares, ainda aguarda pela bolsa de estudo então prometida pelo ministro do Desporto no sentido de a atleta continuar os seus estudos no estrangeiro.

Fernando Elísio Freire disse, na altura, que ficaria à espera da fundamentação da Federação Cabo-verdiana de Natação para se poder avançar com o processamento da bolsa de estudos que deveria ser atribuída à jovem atleta Érica Soares.

Com essa travessia, a atleta tarrafalense tinha como propósito despertar um pouco mais de atenção das autoridades desportivas em relação à natação e, com isso, conseguir uma bolsa de estudos do Estado cao-verdiano.

“O único ganho que a travessia me deu foi que muitas pessoas do país e na diáspora passaram a conhecer-me e a encorajar-me para continuar a nadar e seguir os meus sonhos”, afirma.

Actualmente, Érica Soares, de 19 anos, encontra-se no Senegal onde pretende inscrever-se no Instituto Nacional Superior de Educação Popular e do Deporto (INSEPS), que pertence à Universidade Cheikh Anta Diop.

“Ainda estou a fazer o ano de língua que é obrigatório para os que não falam o francês para poder ter o meu certificado e ter acesso à universidade”, diz Érica Soares, em declarações ao A NAÇÃO.

Os estudos, até então, têm sido custeados pela família e pessoas próximas da jovem, que, com muito esforço, tentam ajudá-la a alcançar os seus objectivos.

Passado um ano após a travessia a nado, Érica Soares lamenta que esse feito não tenha recebido a devida valorização por parte das autoridades e questiona o porquê do atraso na atribuição da prometida bolsa.

“A mensagem que eu quis transmitir não teve o impacto que eu esperava, pois ainda não consegui a bolsa de estudos. Desconheço as causas deste atraso, mas continuarei a aguardar que a entidade que assumiu esta responsabilidade cumpra o prometido”, realça.

Adaptação de treinos

Devido à pandemia da Covid-19, a piscina onde Érica habitualmente fazia os seus treinos de natação no Senegal, foi encerrada. Este facto obrigou-a a adoptar uma nova forma de treinar.

“Quando a piscina foi encerrada, recorri à minha criatividade, adaptando-me a uma nova forma de treinar em casa. Se gostamos de fazer algo, esforçamo-nos para poder conciliar e, de facto, consegui conciliar os estudos e os treinos”, explica.

A nível desportivo, os objectivos de Érica passam por conseguir bater todos os seus recordes, representar o país mais e mais vezes, conseguir alcançar o sonho de se inscrever na universidade, terminar o curso e começar a ensinar aos outros o que aprendeu.

Até então, a única entidade que mostrou interesse em ajudá-la foi a Federação de Natação de Cabo Verde mas ainda aguarda a boa vontade das outras entidades para se unirem a fim de a ajudar a alcançar os seus objectivos.