Barragens voltam a receber água
REPORTAGEM
As sete barragens da ilha de Santiago voltaram a receber muita água das chuvas depois de três anos consecutivos de seca. O destaque vai para a barragem de Poilão, em São Lourenço dos Órgãos, que, depois de dois anos completamente vazio, voltou a receber uma quantidade razoável da água. Um outro caso digno de registo é a barragem de Salineiro na Ribeira Grande de Santiago que, pela primeira vez, recebeu uma boa quantidade de água desde a sua construção.
As chuvas de Setembro trouxeram de volta água às barragens e com isso o debate sobre a sua utilidade ou não. Para a alegria dos camponeses, todas as sete barragens construídas na ilha de Santiago, nomeadamente em Polião, Salineiro, Faveta, Figueira Gorda, Saquinho, Flamengos e Principal, receberam águas das cheias em abundância no passado fim-de-semana.
Barragem de Poilão
A barragem de Polião, a primeira construída no país, recebeu boa quantidade das cheias no passado domingo, 13 de Setembro, o que veio reanimar as centenas de agricultores que cultivam nas zonas a montante e também no perímetro agrícola de Ribeira Seca, que há sensivelmente três anos perderam tudo por causa de seca severa. A água armazenada vai certamente revitalizar a agricultura naquela região.
Já na Ribeira Grande de Santiago, a barragem de Salineiro recebeu, pela primeira vez, uma quantidade significativa de água. Desde a sua construção em 2013, essa infra-estrutura, que funciona também como ponte, tinha recebido pouca quantidade da água. Mas, com a chuva deste ano, já leva cerca de 12 metros de altura de água.
Também a barragem de Flamengos, no concelho de São Miguel, que estava sem água por causa da seca, voltou a receber alguma quantidade de água.
Prestes a transbordar
As quatro barragens na ilha de Santiago que, apesar dos três anos da seca, tinham alguma quantidade de água armazenada, estão todas prestes a transbordar.
A de Faveta, em São Salvador do Mundo, é uma das que recebeu muita água durante o fim-de-semana e está a poucos metros de transbordar. Essa infra-estrutura, inaugurada em Julho de 2013, sempre armazenou muita água e já transbordou várias vezes.
Porém, durante todo esse tempo, a água armazenada ainda não foi oficialmente disponibilizada aos agricultores que reclamam da situação.
Os poucos agricultores que cultivam nessa região recorrem a expedientes vários, utilizando motores para bombar a água da barragem e assim cultivar as suas parcelas agrícolas. Isso porque as redes secundárias, que deviam levar a água até às suas parcelas, ainda não foram instaladas pelo Governo.
Em Santa Catarina, a barragem de Saquinho também recebeu muita água e faltam cerca de quatro metros para atingir o limite máximo da albufeira e transbordar.
Apesar de nunca ter secado, desde a sua inauguração em Novembro de 2013, aqui, a água também nunca foi disponibilizada aos agricultores de Tabugal e Ribeirão Areia e, consequentemente, mais de 90% das parcelas agrícolas acabaram por secar.
Também em São Miguel, a barragem de Principal está com muita água armazenada e prestes a transbordar. Aqui, à semelhança também das barragens de Saquinho e Faveta, a água nunca foi disponibilizada aos agricultores.
E, por fim, a albufeira de Figueira Gorda, a maior do país, no concelho de Santa Cruz, também recebeu muita cheia. Essa barragem tem servido os agricultores de Boa Ventura e do perímetro agrícola de Justino Lopes.