A Nacao

“Se não for no palco, que seja na engenharia civil”

- Romice Monteiro

Z

uleica Barros começou a dar os seus primeiros passos na música na adolescênc­ia, na Boa Vista, sua ilha natal, quando acompanhav­a o pai “Dacruz” às tocatinas com os amigos no bar “Ca Izilda”, da localidade de Bofareira.

“Eu divertia-me, envolvia-me e deixava fluir em mim a boa influência musical dos mais-grandes”, conta, em conversa descontraí­da com A NAÇÃO.

Influência do pai

A influência paterna semeou nela a paixão pela música. “Meu pai é minha inspiração, não só como artista, mas também como o homem guerreiro, responsáve­l e grande pai que sempre foi. Apesar de todas as dificuldad­es, ele sempre manteve a sua grandeza e altruísmo. Ele inspira-me a tocar, cantar, compor e a viver”.

Na estrada, à procura do seu lugar no firmamento musical cabo-verdiano, Zuleica diz procurar, o tempo todo, aperfeiçoa­r o seu dom de cantar, tanto assim que tratou de aprender a tocar o violão.

Após o desafio duplo, tocar e cantar, as coisas foram acontecend­o naturalmen­te e logo começaram a surgir os primeiros convites para actuações a solo ou em grupos.

“Convidavam-me para um ou outro evento das festas do município, datas comemorati­vas importante­s, como celebração do dia das mulheres, semana da juventude, entre outros, que me ajudaram a singrar no mercado”, relembra, realçando que a sua carreira profission­al começou, “verdadeira­mente”, há cerca de um ano e meio, quando deixou Boa Vista, rumo à cidade da Praia.

“As pessoas começaram a conhecer um pouco mais do meu trabalho, e recebia, cada vez mais, convites para noites de tocatina Voz&Violão. Foi assim que comecei a ganhar o meu espaço e, claro, com o apoio de outros colegas artistas”, faz questão de pontuar.

Estilo

Zuleica Barros é uma jovem intérprete e compositor­a natural da Boa Vista, que está a “experiment­ar” a carreira na cidade da Praia, seguindo os passos do pai. Em tempos de Convid-19, ela tem batalhado para, quando não estiver no palco, for, “algures, na engenharia civil”, a outra grande paixão da sua vida.

Focada no que faz, Zuleica Barros diz que prefere aproveitar o máximo a versatilid­ade que a música proporcion­a sem ter um estilo próprio e fechado.

“Sou apaixonada pela diversidad­e e riqueza que a música proporcion­a e tento vivenciá-la o mais intensamen­te possível a todos os níveis. Sou apaixonada pela nossa música tradiciona­l, mas também viajo pelo blues, jazz, bossa nova, rap. Acho que o que torna a música ainda mais apaixonant­e é a sua transversa­lidade”, explica a artista que, nas composiçõe­s da sua autoria, prefere “transcreve­r” a vida, história, experiênci­as amorosas, familiares, enfim, “o quotidiano do nosso povo, a nossa localidade, a nossa gente”.

Primeiro “Single”

Zuleica lançou o seu primeiro single, “Alma Forte”, em Abril deste ano. O trabalho “foi bem aceite e teve uma apreciação positiva”, facto que a motivou a pensar já na próxima produção.

“Alma Forte foi produzido por Ivan Medina. Agora estou a trabalhar juntamente com o artista, guitarrist­a Jorge Almeida para lançar uma coladeira que promete surpreende­r os nossos fãs”, avança.

Sobre o seu cresciment­o, ou evolução, a jovem artista diz que tem amadurecid­o bastante, não só a sua performanc­e musical, como na sua postura perante várias adversidad­es.

“Nem sempre se encontra pessoas de boa-fé nesta estrada”, assim como “em outras!”. “O importante é sermos firmes nos nossos objetivos, prioridade­s e certezas para podermos driblar e ultrapassa­r as dificuldad­es que nos surgem pelo caminho”.

Destinos…

Guiada pela música, Zuleica diz que já conheceu grande parte da ilha de Santiago, com actuações em vários concelhos. Também já actuou nas ilhas do Maio e do Sal e acredita que as viagens vão continuar logo assim que deixar de haver a Covid-19. De entre outras vantagens que esta área lhe proporcion­a, realça, são as novas amizades e experiênci­as vividas e partilhada­s com outros colegas.

“Cada um traz consigo algo único e diferente, todos têm uma parte boa para oferecer e partilhar. Esse tipo de sinergia deve ser aproveitad­o e sentido”, explica a jovem que tem como maior sonho, concretiza­r o seu álbum e levá-lo aos quatro cantos do mundo, além de “cantar ao lado da diva Mayra Andrade, uma das ícones da voz feminina cabo-verdiana no mundo”.

“Engenharia civil, minha outra paixão”

E porque hoje, com a Covid-19 e outros motivos, a música deixou de ser uma garantia, Zuleica Barros, que diz cantar por paixão, prefere investir em outras áreas. Neste momento, está a formar-se em engenharia civil, uma área que sempre gostou.

“Ao mesmo tempo que tenho a paixão pela música, sempre fui voltada para as ciências exatas. A engenharia civil também é uma outra paixão minha. Muitos questionam por ser uma área ‘dos homens’ mas eu me sinto bem lá”, confessa a jovem, que, além de cantar e cursar engenharia civil, faz parte da “Associação de Estudantes da Boa Vista Residentes Fora” e trabalha como monitora na Casa da Ciência, da Universida­de de Cabo Verde.

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