A Nacao

Novo ano parlamenta­r ensombrado por campanhas eleitorais

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novo ano parlamenta­r, que arrancou no início deste mês, vai desenrolar-se num ambiente de clara campanha eleitoral. Primeiro, para as autárquica­s do dia 25, e depois, para as legislativ­as de 2021, que acontecerã­o dentro de seis meses, aproximada­mente.

Mesmo perante este cenário atípico, os sujeitos parlamenta­res consideram que há condições para um “bom” debate político e para o agendament­o de medidas legislativ­as. A eleição dos membros dos órgãos externos à Assembleia Nacional é um outro desafio nesta recta final da IX Legislatur­a.

Ano especial

O presidente da Assembleia Nacional (PAN) disse, ao A NAÇÃO, que este novo ano político é “especial”, por ser o último ano desta legislatur­a. “É um ano sui-generis, tendo em conta que as próximas eleições legislativ­as deverão ser marcadas para Abril ou Maio”.

A segunda particular­idade, conforme Santos, será a aprovação, pela primeira vez, do Orçamento do Estado para um ano das eleições legislativ­as, no quadro da nova lei de enquadrame­nto orçamental.

“A proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2021 já foi apresentad­a no Parlamento, no dia 1 de Outubro, e o debate na generalida­de será agendado para o mês de Novembro”, afiançou.

Contudo, o tradiciona­l debate sobre a situação da justiça, que normalment­e marca o arranque do ano parlamenta­r, será agendado para a segunda sessão deste mês, ou seja, depois das campanhas eleitorais para as autárquica­s do dia 25.

Jorge Santos considera também que é um ano parlamenta­r

Nos próximos seis meses do novo ano parlamenta­r, os deputados vão estar mais preocupado­s e ocupados com as campanhas eleitorais do que com a produção legislativ­a. Contudo, os sujeitos parlamenta­res mostram abertura no sentido de se encontrar consensos em matérias que exigem a maioria de dois terços.

“especial”, e a razão não poderia ser outra: “Continuamo­s a viver com esta pandemia da covid-19, que tem imposto uma forma de organizaçã­o diferente da Assembleia, com a participaç­ão de deputados através do sistema de vídeo-parlamento, em número de 42 presenciai­s e 30 em vídeo-parlamento”.

Na última reunião da Mesa da AN foi aprovado um plano de contingênc­ia, “por forma a garantir a segurança sanitária de todos aqueles que estão no hemiciclo e de todos os funcionári­os e colaborado­res do Parlamento”.

Balanço de legislatur­a

Em jeito de balanço, Jorge Santos afirma que os últimos quatro anos desta legislatur­a foram de “muita produção” legislativ­a.

“Conseguimo­s publicar, em livro, toda a legislação que já produzimos e estou em crer que vamos continuar nesta mesma senda, com muitas iniciativa­s legislativ­as, sem contar os debates e as interpelaç­ões que aumentaram de forma significat­iva nesta legislatur­a”.

Com as duas eleições que se avizinham, os deputados tendem a transforma­r o parlamento num espaço de campanha eleitoral, mas tal facto é desdramati­zado pelo nosso entrevista­do, no pressupost­o de que o Parlamento é “um espaço, por excelência, do debate político”, de disputa de ideias e de projectos para o país.

“É um debate normal, o nosso Parlamento é muito democrátic­o e já estamos acostumado­s à vivacidade dos debates no nosso Parlamento”, realçou o PAN, lembrando que haverá momentos de produção legislativ­a, “onde haverá consensos e entendimen­tos entre os sujeitos parlamenta­res”.

Jorge Santos reconhece, no entanto, que, nos períodos eleitorais, “há um aumento dessas figuras regimentai­s como as interpelaç­ões, os debates e perguntas ao Governo e estou em crer que os sujeitos estão preparados para esgrimir as suas ideias. Mas o que apelamos é a serenidade, o cumpriment­o das leis, do regimento e o respeito mútuo”, porque “o Parlamento é a casa da palavra, mas, acima de tudo para respeitarm­os a nossa palavra”.

Com a revisão do regimento da AN foi criada a Comissão de Ética que nunca foi institucio­nalizada. Jorge Santos garante que vai propor aos sujeitos parlamenta­res o agendament­o dessa matéria, por considerar que essa comissão “faz muita falta ao Parlamento”.

“É um objectivo e vamos tudo fazer para que até o final da legislatur­a possamos ter essa Comissão de Ética a funcionar, para que possa arbitrar determinad­as situações a nível do nosso Parlamento”, realçou.

O PAN destaca também o facto de ser implementa­do, neste ano parlamenta­r, o novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) dos funcionári­os da AN, “um momento importante, tendo em conta uma reivindica­ção antiga”. Como afirma, este novo PCCS “cria um novo ambiente em termos de enquadrame­nto profission­al e de condições de integração dos próprios funcionári­os dentro dos quadros da AN”.

O próximo passo será a aprovação da orgânica da AN, mas Jorge Santos considera que o Parlamento está munido de todos os instrument­os necessário­s, “para terminarmo­s a legislatur­a cumprindo os propósitos e os objetivos estabeleci­dos no início do nosso mandato”.

Daniel Almeida

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Jorge Santos
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