MCIC só teve conhecimento do busto através das redes sociais
Ao que A NAÇÃO conseguiu apurar, o MCIC não foi tido nem achado no processo da colocação do busto de Gandhi na Achada de Santo António. “Tivemos conhecimento através das redes sociais”, revelou uma fonte.
Esse ministério, que tem um programa de estátuas e bustos pelo país, esclarece que o seu “é exclusivamente dedicado a figuras do sector cultural, figuras incontornáveis e indiscutíveis que tenham deixado um legado perene e valioso para a nossa cultura nos mais diversos sectores de criação”. Porém, essa fonte elucida ainda que “a competência para colocação de bustos não é uma exclusividade do MCIC”.
Mas, conforme argumenta, se “tivesse havido um processo de auscultação”, o gabinete do ministro “pediria ao Instituto do Património Cultural (IPC) que emitisse um parecer técnico e científico sobre a personalidade homenageada, sobre a importância e o contexto histórico da sua ação e sobre a pertinência da sua colocação no espaço onde foi depositado”.
O IPC, prossegue o nosso interlocutor, seria assim “a entidade responsável por avaliar possíveis implicações culturais e sociais, bem como prever a reação da comunidade perante a homenagem à figura proposta”. Contudo, a nossa fonte esclarece que, mesmo assim, esse parecer não seria “vinculativo”, pois o IPC “apenas é responsável por pareceres de construções em sítios históricos e sítios classificados”.
Questionado se concorda com a colocação do busto de Gandhi em Cabo Verde, o MCIC escusa-se a comentar e diz que as explicações deverão vir das entidades promotoras. “Não tendo sido convidado a se pronunciar antes da colocação do busto, é extemporâneo qualquer pronunciamento da nossa parte neste momento. As entidades promotoras deverão explicar as motivações e as razões.
Também ouvido pelo A NAÇÃO, Jair Fernandes, presidente do IPC, garantiu que não foi contactado e esclareceu que “não é um assunto do IPC”, mas sim uma “obra de arte urbana da cidade” e que não se trata de uma “obra emblemática da história de Cabo Verde”, fugindo às atribuições estatutárias do IPC. Fernandes escusou-se a comentar o memorial erguido, mas disse que tem “uma opinião própria” sobre o mesmo, mas que prefere “não se pronunciar”. GC