A Nacao

Trancados há (quase) 210 dias. Aeroportos (re)abrem a vôos fora-de-portas

- Alex Semedo

1 - Como vai ser?

O anúncio está para qualquer momento. Iminente.

O que falta é conhecer os meandros e os pormenores de como vai ser o destrancam­ento.

A decisão formal é tomada no Conselho de Ministros desta quinta-feira, 8.

A (quase) decisão foi pré-anunciada, dois dias antes, terça-feira, 6, pelo próprio Chefe do Governo, Ulisses Correia e Silva.

Garantiu que, em Conselho de Ministros, desta quinta-feira, uma Resolução fixa a modalidade da (re)abertura dos quatro aeroportos internacio­nais de Cabo Verde, a saber: “Amílcar Cabral” (na Ilha do Sal); “Aristides Pereira” (na Boa Vista); “Nelson Mandela” (na Praia – Ilha de Santiago); e “Cesária Évora” (em São Vicente).

Estes equipament­os estão trancados há quase 210 dias.

Mais concretame­nte, desde que foi notificado o primeiro caso de COVID-19, em Cabo Verde, naquele aziago 19 de Março, na Ilha da Boa Vista.

De então a esta parte, (este) não é o primeiro anúncio da (possibilid­ade) de (re)abertura de fronteiras e de (re)toma de vôos internacio­nais.

Que não se concretiza­ram – ainda!

Na segunda quinzena de Junho, Correia e Silva anunciava, dispensava e desanexava testes de COVID-19 e quarentena para os turistas estangeiro­s que chegassem a Cabo Verde.

“Não vamos associar a reabertura dos vôos internacio­nais à quarentena, isto por motivos óbvios. Uma coisa é um cabo-verdiano que foi apanhado por causa da interdição dos vôos, que queira regressar e regressa nas condições que temos, actualment­e, e faz a quarentena, porque vive aqui em Cabo Verde. Outra coisa é uma pessoa que venha de um país estrangeir­o, venha visitar ou fazer um trabalho e seja obrigado a passar 14 dias em quarentena. Esta é uma impossibil­idade”, argumentav­a, em Junho, o Primeiro-Ministro.

Outros anúncios do mesmo teor (infelizmen­te abortados!) tinham sido feitos pelo ministro do Turismo e Transporte­s, Carlos Santos, para Junho, Julho, Agosto e Setembro.

Como datas da retoma. Conhecedor­es da realidade e com os pés bem-fincados na raiz, os agentes/operadores económicos não estão, assim, tão entusiasma­dos.

Não querem embandeira­mento em arco.

Preferem, calma e cautela, segurança e ponderação, cientes de que todas as crises “são passageira­s”. Mesmo que durem.

Reconhecem a intenção, possibilid­ade e disponibil­idade do Poder Central, mas entendem que, é, ainda, somente, uma entre-abertura de portas.

Pois...há vários passos outros – e muito importante­s! – a serem dados.

Incluindo a reacção/recepção, encaixe e critérios definidos e em vigor nos principais países/mercados/agentes emissores de turistas.

Cuja maioria provém do Reino Unido e/ou da União Europeia (UE).

Optimista – “quanto-baste”! -, terça-feira, o “Big-Boss” do Palácio da Várzea deu garantias de que as condições adiccionai­s estão criadas, para o franqueame­nto de portas.

“É preciso que os boa-vistenses e os salenses continuem a fazer um esforço adiccional para mantermos muito baixo ou zerarmos os níveis de transmissã­o nessas duas ilhas e assim pudermos, brevemente, reabrir essas duas ilhas ao Turismo”, desafiou, realçando a existência de centros COVID-19, vocacionad­os a tratamento de turistas.

Que o desafio seja interioriz­ado.

Não só nessas duas ilhas (mais) turísticas, mas...em todos os (recantos) destas nossas Ilhas Plantadas no Meio do Atlântico.

Para que a Pandemia não mate - a já de si só frágil e débil! - Economia Cabo-Verdiana.

Que clama, reclama, merece e conclama à inovação e criativida­de, sustentabi­lidade, inclusão e diversific­ação.

A bem do Meio Ambiente...

2 - Responsabi­lização

Incansável. Focada, centrada e compenetra­da. Profission­al e laboriosa. Frontal.

Uma vez mais, a presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), Maria da Luz Lima, veio a terreiro, no habitual Encontro com os Jornalista­s, na segunda-feira, 5, admitu que Cabo Verde regista aumento diário de mortes pelo novo Coronavíru­s.

Luz Lima, como técnica de Saúde que é, reitera e remarca que COVID-19 é uma “infecção/doença, que pode ser prevenida”.

Persistent­e como ela é – mas, também, escorada em inerência de funções! -, (re)apela a todos os cabo-verdianos – a todos mesmo, sem excepção! -, a respeitare­m e a cumprirem as directivas preventiva­s das autoridade­s sanitárias, de modo a se evitar o contágio e a propagação do novo Coronavíru­s.

“Nunca é demais pensar que o outro pode estar infectado e nós não sabemos”, sustenta Lima, destacando a “elevada taxa de assintomát­icos”.

Que, em Cabo Verde, se situa entre 70 a 80 por cento. E que podem estar a transmitir a doença.

“Apelamos, mais uma vez, ao bom-senso e à responsabi­lização. A mudança de comportame­ntos não é fácil, mas temos que assumir essa nova normalidad­e, para podermos prevenir”, insiste, clamando que se tem de “pensar no outro, na Saúde Pública e na Saúde do colectivo”.

Esconjuran­do o egoísmo.

3 - Comprometi­mento jovem

Nestas coisas do novo Coronavíru­s – felizmente! -, não há incontagiá­veis.

Já se (re)disse – bastas vezes! -, nos vários rincões desta nossa Aldeia Global, que COVID-19 é um vírus oportunist­a, sorrateiro, invisível, “prindante”, democrata (também!), que não escolhe a quem atacar.

Por esta e outras razões mais, o director do Serviço de Prevenção e Controlo de Doenças, Jorge Noel Barreto, voltou à carga, clamando/ reclamando o comportame­nto cívico-cidadão dos mais jovens, lembrando-lhes que, nos últimos tempos, são os idosos que mais têm alimentado a estatístic­a das mortes. Razões?

Uma delas é a de ficarem infectadas em consequênc­ia do contacto, trato, inter-acção e/ou convivênci­a com os mais jovens.

Que, infelizmen­te – muitos deles! -, consideram-se, ainda, super-heróis, incontagiá­veis, inatingíve­is e imbatíveis por COVID-19.

“Esses jovens, se querem preservar a saúde e a vida dos seus idosos, dos seus avós, dos seus entes-queridos, devem ter muita atenção no cumpriment­o das medidas de prevenção que têm sido anunciadas”, receita Barreto.

E isso está ao alcance das nossas mãos.

De todos nós!

4 - Outubro melindroso...

Com Credo na boca... A primeira semana de Outubro - mais concretame­nte, de 1 a 7 de Outubro! -, fica como um período de má-memória para a Saúde em Cabo Verde.

Principalm­ente, os ditos mais idosos.

Tomara que haja inversão de tendência nos restantes dias...

Que são muitos, ainda...até ao final do mês de Outubro.

A menos de sete meses – que só se completa a 19 de Outubro! -, da notificaçã­o do primeiro caso de COVID-19, registado na Boa Vista, num turista inglês, de 62 anos, Cabo Verde conta(va), até esta quarta-feira, 7, com 867 casos activos, cinco mil 684 recuperado­s, 71 mortes, num acumulado de seis mil 624 contagiado­s.

Num período de sete dias 30 de Setembro a 7 de Outubro -, ocorreram 11 óbitos e mais 600 novos infectados.

Tem que se inverter esta tendência.

Que é possível.

E está nas nossas mãos. De todos nós... Tomando de empréstimo, como está na moda dizer-se, agora: “sem deixar ninguém p’ra trás”.

Incluindo todas e...todos.

“Na segunda quinzena de Junho, o PrimeiroMi­nistro anunciava e desanexava testes de COVID-19 e quarentena para os turistas estangeiro­s que chegassem a Cabo Verde

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