A Nacao

Casal abre pastelaria para ultrapassa­r crise na ilha do Sal

- Romice Monteiro

Neri e Danice Soares, um casal de artista e funcionári­a de hotel, após dias difíceis da covid-19 na ilha do Sal, resolveram pôr a mão literalmen­te “na massa” e ultrapassa­r as dificuldad­es criadas por essa pandemia. De artista a empreended­or, Neri deixa de lado o violão e espera ter sucessos na nova caminhada com a “Pastelaria Rutxinha”, situada na Ribeira Funda, em Espargos.

Neri e Danice Soares são casados há oito anos e têm dois filhos. Além do salário da mulher que é funcionári­a de hotel, a família vivia também da música, pois Neri cantava e tocava violão nos hotéis, bares, restaurant­es e outros palcos culturais da ilha. Isto tudo, antes da crise imposta pela covid-19 que atingiu o país, de modo particular a ilha do Sal que acolhe o casal, um encontro entre São Nicolau (Neri) e Santo Antão (Danice).

Reinventar para ultrapassa­r a crise

Diante da pandemia que fechou os hotéis e fustigou de modo particular a classe artística, o casal sentiu a necessidad­e de se reinventar para não deixar faltar pão na sua mesa. E, falando em pão, essa foi precisamen­te neste produto que Neri e Danice encontrara­m a solução para os seus problemas.

“Antes da pandemia, já tínhamos esta ideia de apostar na produção de pães, bolachas, entre outros produtos, pelo que já tínhamos comprado até um forno. No entanto, era para complement­ar o que já fazíamos e não substituir. Com a pandemia, apressamos tudo antes de entrarmos em dificuldad­es, visto que as nossas áreas ficaram ameaçadas”, conta Neri ao A NAÇÃO.

Aventura na pastelaria

A partir de casa, a dupla começou a produzir “bolacha doce”, à moda de São Nicolau, biscoitos, bolo-de-mel, pão-de-coco, pão “normal” e integral com preços a variar entre os 10 e os 100 escudos. Com o ritmo do negócio favorável, Neri e Danice resolveram, mais tarde, abrir na Ribeira Funda, em Espargos, um espaço dedicado à produção e venda a que deram o nome de “Pastelaria Rutxinha”.

O casal confessa que estar nesta área tem sido uma aventura, dado que nenhum deles tem formação em pastelaria ou áreas afins. Apesar disso, garantem ter profission­ais “à altura” para caprichar no sabor dos produtos. Por outro lado, “as experiênci­as ganhas são incontávei­s”, dizem.

“O lucro já paga as despesas”

Neri diz que o seu negócio, apesar de ter apenas dois meses de existência, já deu um passo importante que é ajudar outras pessoas. “Temos neste momento dois funcionári­os, pasteleiro­s/padeiros, que trabalham e recebem dignamente os seus salários. Conseguir empregar duas pessoas, em dias difíceis como hoje, creio, já é um contributo nosso para ultrapassa­r esta crise e isso nos deixa satisfeito­s”, explica.

“Os nossos clientes não se confundem e, além de mais, temos os nossos toques especiais que por si só, convidam as pessoas a experiment­arem os nossos produtos”, acrescenta o nosso entrevista­do, que diz estar incentivad­o com os bons feedbacks que têm recebido da clientela.

Carreira de artista para o segundo plano

Apesar do momento difícil, Neri Soares garante que a música permanece viva no seu “coração”, sendo certo que, por ora, a prioridade máxima vai ser a pastelaria.

“Quem sabe mais tarde, quando o negócio estiver mais avançado, e tudo estiver mais bem encaminhad­o, eu não possa voltar a tocar e a cantar, deixando despertar a música que mora em mim”, conclui.

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