A Nacao

Trovoada acusa FIBA de irresponsa­bilidade e passar por cima das federações africanas

- Jason Fortes

O selecciona­dor nacional de basquetebo­l, Emanuel Trovoada, acusou a Federação Internacio­nal de Basquetebo­l

(FIBA) de ser irresponsá­vel e estar a passar por cima de todas as federações africanas da modalidade. Tendo em conta o contexto actual de pandemia, esse técnico diz que não estão reunidas as mínimas condições para se organizar o torneio da fase final da qualificaç­ão para o Afrobasket 2021, agendado para o final deste mês de Novembro.

Emanuel Trovoada, em entrevista ao A NAÇÃO, chama de irresponsá­vel a FIBA e ainda acusa o organismo de estar a passar por cima de todas as federações africanas de basquetebo­l. Isto a propósito do torneio de acesso à fase final de qualificaç­ão para o Afrobasket 2021, que decorreu nos Camarões em Outubro passado.

“Uma das grandes dificuldad­es foi termos estado num país onde ainda não se acredita no vírus. Acredito que isto pode vir a repetir-se. A FIBA está a ser irresponsá­vel ao passar por cima de todas as federações. Eles não estiveram presentes nesta eliminatór­ia. Mandaram a federação camaronesa e os árbitros que vinham da Costa do Marfim. Dos elementos da FIBA África que organizara­m a prova, ninguém pôs lá os pés”, diz Emanuel Trovoada.

Este técnico diz que a comitiva cabo-verdiana vivenciou uma situação caótica nos Camarões e até levanta a possibilid­ade de Joel Almeida ter contraído o vírus no quarto do hotel onde estiveram hospedados.

“Nós chegámos aos Camarões

onde estava definido que um autocarro fosse buscar-nos só isolado para nós. Os motoristas não usavam máscaras, simplesmen­te não acreditam na existência do vírus. Quem me garante que o Joel não contraiu o vírus no quarto? Os funcionári­os andavam sem máscaras, chegavam ao hotel e, à nossa frente, é que punham as máscaras, mas os contactos dos dedos e mãos ficavam no hotel”, expõe.

Por conta disso, este responsáve­l destaca ainda que, para evitar o risco de contágio, os jogadores e o staff técnico passaram a limpar os respectivo­s quartos.

Sem condições para o torneio

Entre 27 e 29 de Novembro, Cabo Verde viaja até ao Egipto, para disputar o torneio da fase final da qualificaç­ão para o Afrobasket 2021. Emanuel Trovoada diz que recentemen­te esteve à conversa com alguns treinadore­s e dirigentes das selecções de moçambique e Angola, os quais são unânimes de que não há condições para a realização desse torneio no

contexto actual de pandemia.

“Mas isto está a acontecer apenas aqui na África, porque, na Europa, a França cancelou o campeonato, Portugal está em risco de cancelar e Espanha igualmente. Porquê nós, que temos menos recursos e que precisamos de salvar vidas, estamos a pôr as pessoas em risco? Eu sou uma pessoa de risco e no staff técnico há mais pessoas de risco”.

Mas a preocupaçã­o do selecciona­dor nacional não se prende apenas com a questão do vírus. Também tem a ver com a carga física imposta aos atletas, numa altura em que muitos se encontram parados.

“Dizia-me um dirigente de Angola, que ali nem sequer começaram a treinar, nem sequer existe campeonato, as equipas estão paradas. Podem aparecer lesões musculares porque as pessoas num mês têm que ir preparar para jogar três dias seguidos, o que nao é fácil”, acrescenta.

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