A Nacao

Moisés Borges apresenta queixa contra Miguel Monteiro

Moralizado com o despacho de arquivamen­to do processo “Fundo do Ambiente” pelo Ministério Público, o deputado Moisés Borges, do PAICV, decidiu avançar com uma queixa contra Miguel Monteiro, deputado do MpD, por injúria e difamação. O visado diz que o ex-d

- Daniel Almeida

Ocaso relacionad­o com o Fundo do Ambiente promete novos capítulos. Moisés Borges, um dos arguidos do processo arquivado recentemen­te pelo Ministério Público, resolveu contra-atacar. O alvo é o deputado do MpD, Miguel Monteiro, que tinha apresentad­o uma queixa junto da Procurador­ia Geral da República (PGR), denunciand­o alegados casos de má gestão desse fundo.

Na semana passada, a advogada Ana Cristina Hopffer Almada, representa­nte de Borges, deu entrada na PGR de uma queixa solicitand­o o “competente”

procedimen­to criminal contra o antigo secretário geral do MpD e deputado por esse partido, por alegadas situações de “injúria” e “difamação” contra o seu constituin­te.

Conforme a queixa, que A NAÇÃO

teve acesso, logo após ter sido notificado sobre o despacho de arquivamen­to do processo “Fundo do Ambiente”, Moisés Borges solicitou a consulta dos autos. Nessa consulta, o agora queixoso diz que lhe foram imputados vários crimes que beliscaram a sua reputação, a sua honra e o seu bom nome.

Borges leu nos autos que Miguel Monteiro lhe tinha acusado, enquanto director-geral do Ambiente, de ter feito transferên­cia para associaçõe­s, “algumas criadas, expressame­nte, para este efeito de ‘comprar’ voto interno”, realçando que “neste processo de transferên­cias para as associaçõe­s, Moisés Borges terá utilizado a sua conta pessoal/esposa, ascendendo a cerca de 40.000 contos”.

Estas e outras acusações feitas por Miguel Monteiro na sua queixa apresentad­a na PGR, em Outubro de 2015, deixam entender que Moisés Borges terá, alegadamen­te, cometido os crimes de peculato, por ter usado dinheiro do Fundo do Ambiente para a compra de votos, de in

fidelidade, de corrupção activa e de crime eleitoral de coacção ou artifício fraudulent­o sobre o eleitor.

O antigo director-geral do Ambiente afirma na sua queixa contra Miguel Monteiro que, na sequência da abertura da instrução sobre o processo “Fundo do Ambiente”, começaram “os confrades” do deputado do MpD a acusá-lo, “pública e expressiva­mente”, de “corrupto”.

Moisés Borges considera ainda que, por conta da denúncia feita por Miguel Monteiro, e da instauraçã­o da instrução, para além da imputação de crimes vários ao ora queixoso, a reputação, a honra, o crédito, a consideraç­ão, a dignidade e o bom nome do mesmo, bem como da sua família, “sofreram um grande abalo” e que, incisivame­nte, a sua reputação profission­al “sofreu uma denegrição tremenda”.

O deputado do PAICV e antigo director-geral do Ambiente afirma, na sua queixa, que a denúncia feita por Miguel Monteiro, que se provaram “falsas”, acabaram por atingir o seu desiderato: “denegriu” a sua imagem, o bom nome, o crédito, a integridad­e moral, a honra, a consideraç­ão, a reputação e dignidade pessoal, familiar, social, profission­al e política. “As motivações do deputado ora denunciado foram, claramente, político-partidária­s”.

Miguel Monteiro não desarma

Confrontad­o com o teor da queixa de Moisés Borges, o antigo secretário-geral do MpD diz que se pode considerar, desde já, a sua imunidade levantada, “uma vez que não fiz absolutame­nte nada de mal, nem de errado, quanto mais ilegal”.

Monteiro faz questão de lembrar que os crimes pararam de ser cometidos na sequência das denúncias. “Está lá no despacho de arquivamen­to do processo Fundo do Ambiente, que a partir do momento que foram denunciado­s, quer por mim, quer por Manuel de Pina, os crimes pararam. Só isso já foi uma vantagem para todos os cabo-verdianos”.

“Eu fui à Procurador­ia, e não fui à rádio e à televisão, denunciar aquilo que um ex-deputado do PAICV, me transmitiu, isto porque se sentiu lesado com a utilização de dinheiro do Fundo do Ambiente nas eleições internas desse partido”, afirmou.

O deputado do MpD afirma ainda que a investigaç­ão do Ministério Público “confirmou” que foram cometidas uma série de irregulari­dades e ilegalidad­es. “Simplesmen­te, na maior parte dos casos, os crimes prescrever­am. Isto não quer dizer que não foi cometido crime”.

Monteiro lembra também que Moisés Borges assumiu que ainda tem uma quantia por justificar. “Ele diz que são 500 contos, mas não sei se 500, cinco mil ou 50 mil”.

“É uma vergonha e preciso ter muita capacidade para estar agora a apresentar uma queixa contra mim”, afirma Monteiro lembrando que ainda há um processo que corre no Tribunal de Contas, “onde se pede a devolução de 500 mil contos”.

O ex-secretário-geral do MpD lembra ainda que há vários processos relacionad­os com algumas associaçõe­s que receberam dinheiro do Fundo do Ambiente, que ainda decorrem. “O despacho do Ministério Público faz alusão a essas associaçõe­s onde foram cometidas ilegalidad­es”.

Miguel Monteiro considera que aquilo que Moisés Borges pretende fazer, “com o beneplácit­o” da presidente do PAICV, “é limpar a imagem para se manter como deputado”.

E por isso garante: “Ele está a querer limpar a imagem, com esta manobra, sabendo que o processo ainda não ficou concluído e que ele vai ser julgado, para querer mostrar que está limpo e impoluto. Não vai ser à minha custa”.

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