Críticos querem demissão de Alcides Graça
Opositores internos do presidente da Comissão Política Regional (CPR) do PAICV em São Vicente pedem a demissão de Alcides Graça por causa do “descalabro” nas eleições municipais de 25 de Outubro. Mas Graça faz finca-pé e afirma que não vê nenhum motivo pa
Os contestatários do dirigente regional do PAICV entendem que não há volta a dar aos números das últimas autárquicas e que Alcides Graça deveria tirar as próprias ilações. Fazem as contas e consideram que um partido do arco do poder como o PAICV não se pode contentar em ocupar o terceiro lugar, por três eleições consecutivas, num concelho tão importante como São Vicente.
Para piorar, pessoas próximas de Nilton Silva, que disputou a presidência da CRP contra Graça, reiteram que, de 2016 para 2020, o PAICV cresceu apenas 400 votos, passando de cerca de 5400 para 5800. Resultado “irrisório”, quando, neste mesmo período, a UCID se consolida como a segunda força política em São Vicente atrás do MpD, ganhou mais de 2000 votos, aproximando-se dos 10 mil no total.
Os sucessivos “descalabros” do PAICV desde 2016 para cá têm sido motivo de intensa troca em grupos de militantes tambarinas nas redes sociais, onde não falta quem peça a “cabeça” de Alcides Graças. Entretanto, o presidente da CRP do
PAICV em São Vicente não vê qualquer motivo para colocar o lugar à disposição.
“Seria imprudente pensar em demitir-me, mesmo porque não há razão para tal. Escolhemos um candidato consensual, não seria bom fazer eleições internas neste momento quando estamos muito próximos das legislativas e não considero que os resultados das autárquicas sejam tão desastrosos ao ponto de me levar a colocar o cargo à disposição”, responde Alcides Graça, quando confrontado com a posição dos contestatários.
Escondem e criticam depois
Alcides Graça admite que o PAICV “cresceu pouco” no terceiro maior círculo eleitoral do país, mas que a culpa não lhe deve ser imputada. “Não ganhámos, como desejávamos, mas também temos de valori
zar o facto de o PAICV ter contribuído para que o MpD perdesse a governação da Câmara Municipal de São Vicente. Se há coisas que correram mal é porque o partido não esteve na máxima força no terreno. Há pessoas com responsabilidade dentro da estrutura do partido que preferiram ficar em casa, nem sequer mobilizaram os próprios familiares a votar, pelo que não aceito que me imputem os encargos”, expressa o dirigente.
Aos opositores, Alcides Graça recomenda que façam uma análise mais serena e tentem encontrar as reais razões para as sucessivas derrotas do PAICV em São Vicente.
“Certamente, a fratura interna que persiste desde 2011 ajuda a explicar parte disso, porque muita gente não ajuda e depois fica na posição confortável de criticar. O PAICV é de todos nós e quem quiser contribuir terá de fazê-lo em tempo útil e no local próprio. Nunca fechamos a porta a ninguém, mas também já não faço o discurso de coesão interna, pois cada um sabe das suas responsabilidades”.