AJOC, 30 anos Políticos e jornalistas debatem liberdade de Imprensa e democracia
A AJOC, Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde, completou no dia 24 de Novembro os seus trinta anos de vida. Um momento que serviu para reunir os dois anteriores chefes de governo, Carlos Veiga e José Maria Neves, e outros convidados. Ao presidir a abertura do acto, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva reafirmou o compromisso do seu partido e governo com os valores da liberdade e democracia.
Fundada a 24 de Novembro de 1990, a poucas semanas das primeiras eleições pluralistas de Cabo Verde, a AJOC completou, na semana passada, os seus 30 anos de existência. Como diz o lema da efeméride, “Uma vida a Cuidar da Liberdade de Imprensa”.
Cena rara, o momento serviu para reunir, na mesma sala (sede da AJOC, no Platô), na passada quinta-feira, 26, jornalistas e políticos, mas também académicos e outros convidados, para falarem dos trinta anos da associação.
Ao traçar a história da associação, Daniel Santos, um dos seus fundadores enquanto jornalista do hoje extinto jornal Voz di Povo, lembrou os meandros que acabaram por conduzir à proclamação da AJOC, cujo primeiro presidente, José Vicente Lopes, foi eleito naquela que foi a primeira disputa pluralista numa eleição no país.
Por seu turno, ao presidir a abertura da cerimónia, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirmou que as áreas da política e da comunicação social são convergentes, nem sempre bem e devidamente percepcionadas pela sociedade.
“Essas áreas são altamente escrutinadas, avaliadas em contexto que muitas vezes não são fáceis; às vezes, criticadas com justiça, e por vezes também não, mas são ambas insubstituíveis”, realçou.
UCS falou das medidas adoptadas pelo seu governo para o reforço dos níveis de liberdade de Imprensa em Cabo Verde nos
rankings internacionais. Destacou o novo regime de incentivos à imprensa privada, bem como do financiamento da rádio e televisão do Estado, os novos estatutos da Radiotelevisão Cabo-verdiana (RTC), “com a ambição de garantir uma nova independência e pluralismo desses dois órgãos públicos”, além da introdução da Televisão Digital Terrestre (TDT), para que todos, no país, tenham “acesso às informações”.
UCS reconheceu, igualmente, o papel importante dos jornalistas no “duro combate” contra a covid-19, salientando que “é de merecido destaque o que os órgãos privados têm feito no sentido de levar uma comunicação e informação importante para as pessoas”. Para concluir, felicitou a AJOC pelo seu trigésimo aniversário e que continue a trabalhar para Cabo Verde e os cabo-verdianos.
Carlos Veiga: o sector privado pode contribuir mais
Ao prestar o seu testemunho, enquanto o primeiro chefe de governo de Cabo Verde em regime multipartidário (1991-2001), Carlos Veiga felicitou a AJOC e os jornalistas pelo seu papel em prol da liberdade de Imprensa e da democracia.
“Sinto-me orgulho do que Cabo Verde tem conseguido nesses últimos 30 anos, construindo espaço para liberdade de Imprensa que é usufruído por todos aqueles que vivem sendo reconhecido positivamente pelo mundo”, disse.
“Como é próprio da democracia, a nossa liberdade de Imprensa não é, e nunca será, uma realidade acabada e, por outra, uma realidade definitivamente adquirida e irreversível. Temos todos como parte de uma nação de lutar para continuar, reforçar e melhorar constantemente, e quando digo todos, refiro-me aos jornalistas e às suas organizações”, alertou.
Olhando para a realidade, Veiga defendeu que o sector privado pode e deve contribuir mais para o desenvolvimento da comunicação social no país, até como forma de tornar “irreversíveis” os ganhos obtidos até aqui e que muito contribuem para o lugar que Cabo Verde ocupa nos rankings internacionais.