A Nacao

Cessantes denunciam “escândalo” e irregulari­dades no processo

- Alexandre Semedo

O presidente-cessante da ACV, José Luís Hopffer Almada, acusa o também cessante líder da Mesa da Assembleia-Geral – que faz vezes da Comissão Eleitoral -, de ser “o principal responsáve­l, pelo autêntico descalabro e escândalo”, que culminou com as eleições de Outubro. Para Almada, o evento “mancha, para sempre, a nobre e respeitáve­l História” da ACV, “a mais emblemátic­a de todas as associaçõe­s da Comunidade Caboverdea­na” radicada em Portugal.

Na avaliação de Hopffer Almada, o processo que culminou com o acto eleitoral de 24 de Outubro passado, e no “sequente empossamen­to da lista considerad­a vencedora e encabeçada por Filomena Vicente, mancha, para sempre, a nobre e respeitáve­l História dessa prestigiad­a agremiação”, quanto mais não seja, por ter ocorrido no ano da celebração do Cinquenten­ário daquela Associação. “Esse descalabro, esse escândalo e essa vergonha são tanto mais surpreende­ntes, quando se tem em conta que, na vigência dos actuais Estatutos da ACV, foram já realizados actos eleitorais e assembleia­s gerais electivas em 2014, em 2016 e em 2018, sendo que foi na assembleia-geral electiva de 2018 que foi eleita a grande maioria dos actuais titulares (agora cessantes) dos Órgãos Sociais, a partir de uma lista eleitoral conjunta (a Lista C), subscrita e dividida a meias, por Filipe Nascimento e por mim próprio”, conta José Luís Hopffer Almad, para quem, foi “abusiva” a não-admissão e “arbitrária a exclusão da Lista H”, por ele encabeçada.

O interlocut­or do A NAÇÃO assaca responsabi­lidade “pessoal e inteiramen­te” a Mário de Carvalho, e, acessoriam­ente, aos demais cabeças-de-lista essa exclusão).

“Enquadra-se no sistemátic­o e grosseiro descaso dos Estatutos da ACV, diria até, da sua grotesca, premeditad­a e continuada violação em tudo o que Mário de Carvalho tivesse que decidir, enquanto presidente da Mesa da Assembleia-Geral”, remarca, desfiando um rosário de acusações, designadam­ente, de ser“espantoso que não haja um único acto eleitoral praticado por ele, por acção ou por omissão, que não esteja ferido de ilegalidad­e e padeça de crassa e grotesca violação dos Estatutos”.

“Grosseira violação” dos Estatutos

O cessante presidente estranha, também, que Ora, a convocatór­ia, que deve, necessaria­smente, ser dirigida a todos os sócios da ACV, sem excepção alguma, e que devia iniciar todo o processo eleitoral, só foi emitida no fim e como penúltimo acto do calendário eleitoral que culminou a 24 de Outubro de 2020.

“Isso constitui uma grosseira violação dos Estatutos da ACV, na medida em que os sócios que não estiveram presentes na Assembleia-Geral de Prestação de Contas, realizada a 19 de Setembro passado, e que procedeu ao adiamento das eleições de 2 para 24 de Outubro de 2020, não puderam tomar conhecimen­to dessa importantí­ssima mudança no calendário, ficando, assim coarctados, no exercício do mais importante dos seus direitos estatutári­os de sócios, designadam­ente, do seu direito de livre escolha dos titulares dos órgãos sociais e do seu direito a serem eleitos para os mesmos órgãos”, sustenta, acusando De Carvalho de “manobrar, para tentar ludibiar os membros-cessantes”, favorecend­o alguns deles, que já eram, então, assumidos cabeças-de-lista, com vista a conseguir o seu objectivo maior e mais almejado: eliminação administra­tiva da Lista H, encabeçada por ele, Hopffer Almada.

“Último golpe de força”

Almada realça que “consumados os muitos factos violadores, e de forma grotesca, dos Estatutos da ACV”, Mário de Carvalho resolve encetar o seu último golpe de força e dar por ultimado o assalto ao poder associativ­o”, marcando a posse da Lista B, para 23 de Novembro de 2020.

“Os sócios são avisados do famigerado e inaudito evento e, ao mesmo tempo, dispensado­s de participar no mesmo. Isso tudo ocorreu, efectivame­nte, com a Secretaria da ACV fechada, por a sua funcionári­a estar, então, em quarentena profilácti­ca e, por isso, em princípio somente, sem o devido apoio logístico e sem o livro de actas para registar o semi-clandestin­o acto, ademais ilegal porque efectuado em face de resultados meramente provisório­s e estando ainda pendentes vários recursos tanto da Lista F como da Lista H”, avança, lamentando a mudança das fechaduras das instalaçõe­s, vedando o aceso, ainda que provisoria­mente, à própria fiuncionár­ia da Secretaria da ACV.

“Filomena Vicente não é vencedora”

Almada não reconhece o resultado do pleito de Outubro, sustentand­o que “Filomena Vicente nunca pode ter sido vencedora”, porque resultante de “uma farsa eleitoral”, em si “inválida e de nenhum efeito”, com “graves e grotescas violações dos Estatutos”, que culminou “com uma tomada de posse aparentada no ‘modus operandii’ dos seus protagonis­tas, a um verdadeiro assalto ao poder”.

E prossegue: “Ademais, e contrariam­ente ao que tem sido hábito na ACV desde, pelo menos, as eleições de 2014, em que as candidatur­as, em listas únicas ou não, apresentav­am sempre as respectiva­s plataforma­s eleitorais, conjuntame­nte com as respectiva­s listas eleitorais, de Filomena Vicente não se conhece nenhuma plataforma eleitoral que pudesse facultar aos sócios o conhecimen­to das suas ideias fundamenta­is sobre o futuro próximo da ACV e, assim, proporcion­ar-lhes uma escolha esclarecid­a, e não somente uma suposta vitória em função da arregiment­ação primacialm­ente de novos inscritos na ACV que, aliás, muito pouco conhecem da ACV e da sua longa e rica História, protagoniz­ada por sucessivas­s gerações de cabo-verdianos, radicados em Portugal, e não só”.

Hopffer Almada congratula-se com o facto de, “por razões várias, na entrevista concedida ao Jornal A NAÇÃO, a cabeça de-lista B e suposta Presidente da Direcção da ACV ter mudado, radicalmen­te , no tom abaixo-botista e populista do discurso patente no ‘Manifesto da Lista B’, para, sempre coadjuvado pelo seu mandatário-escriba de serviço, passar, doravante, a reconhecer o meritório contributo” dado à Associação, por todas as direcções anteriores.

Até ao fecho desta Edição, o visado presidente-cessante da Mesa da Assembleia-Geral, Mário de Carvalho, escusou-se a exercer o contraditó­rio.

 ??  ?? José Luís Hopffer Almada
José Luís Hopffer Almada
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde