Cessantes denunciam “escândalo” e irregularidades no processo
O presidente-cessante da ACV, José Luís Hopffer Almada, acusa o também cessante líder da Mesa da Assembleia-Geral – que faz vezes da Comissão Eleitoral -, de ser “o principal responsável, pelo autêntico descalabro e escândalo”, que culminou com as eleições de Outubro. Para Almada, o evento “mancha, para sempre, a nobre e respeitável História” da ACV, “a mais emblemática de todas as associações da Comunidade Caboverdeana” radicada em Portugal.
Na avaliação de Hopffer Almada, o processo que culminou com o acto eleitoral de 24 de Outubro passado, e no “sequente empossamento da lista considerada vencedora e encabeçada por Filomena Vicente, mancha, para sempre, a nobre e respeitável História dessa prestigiada agremiação”, quanto mais não seja, por ter ocorrido no ano da celebração do Cinquentenário daquela Associação. “Esse descalabro, esse escândalo e essa vergonha são tanto mais surpreendentes, quando se tem em conta que, na vigência dos actuais Estatutos da ACV, foram já realizados actos eleitorais e assembleias gerais electivas em 2014, em 2016 e em 2018, sendo que foi na assembleia-geral electiva de 2018 que foi eleita a grande maioria dos actuais titulares (agora cessantes) dos Órgãos Sociais, a partir de uma lista eleitoral conjunta (a Lista C), subscrita e dividida a meias, por Filipe Nascimento e por mim próprio”, conta José Luís Hopffer Almad, para quem, foi “abusiva” a não-admissão e “arbitrária a exclusão da Lista H”, por ele encabeçada.
O interlocutor do A NAÇÃO assaca responsabilidade “pessoal e inteiramente” a Mário de Carvalho, e, acessoriamente, aos demais cabeças-de-lista essa exclusão).
“Enquadra-se no sistemático e grosseiro descaso dos Estatutos da ACV, diria até, da sua grotesca, premeditada e continuada violação em tudo o que Mário de Carvalho tivesse que decidir, enquanto presidente da Mesa da Assembleia-Geral”, remarca, desfiando um rosário de acusações, designadamente, de ser“espantoso que não haja um único acto eleitoral praticado por ele, por acção ou por omissão, que não esteja ferido de ilegalidade e padeça de crassa e grotesca violação dos Estatutos”.
“Grosseira violação” dos Estatutos
O cessante presidente estranha, também, que Ora, a convocatória, que deve, necessariasmente, ser dirigida a todos os sócios da ACV, sem excepção alguma, e que devia iniciar todo o processo eleitoral, só foi emitida no fim e como penúltimo acto do calendário eleitoral que culminou a 24 de Outubro de 2020.
“Isso constitui uma grosseira violação dos Estatutos da ACV, na medida em que os sócios que não estiveram presentes na Assembleia-Geral de Prestação de Contas, realizada a 19 de Setembro passado, e que procedeu ao adiamento das eleições de 2 para 24 de Outubro de 2020, não puderam tomar conhecimento dessa importantíssima mudança no calendário, ficando, assim coarctados, no exercício do mais importante dos seus direitos estatutários de sócios, designadamente, do seu direito de livre escolha dos titulares dos órgãos sociais e do seu direito a serem eleitos para os mesmos órgãos”, sustenta, acusando De Carvalho de “manobrar, para tentar ludibiar os membros-cessantes”, favorecendo alguns deles, que já eram, então, assumidos cabeças-de-lista, com vista a conseguir o seu objectivo maior e mais almejado: eliminação administrativa da Lista H, encabeçada por ele, Hopffer Almada.
“Último golpe de força”
Almada realça que “consumados os muitos factos violadores, e de forma grotesca, dos Estatutos da ACV”, Mário de Carvalho resolve encetar o seu último golpe de força e dar por ultimado o assalto ao poder associativo”, marcando a posse da Lista B, para 23 de Novembro de 2020.
“Os sócios são avisados do famigerado e inaudito evento e, ao mesmo tempo, dispensados de participar no mesmo. Isso tudo ocorreu, efectivamente, com a Secretaria da ACV fechada, por a sua funcionária estar, então, em quarentena profiláctica e, por isso, em princípio somente, sem o devido apoio logístico e sem o livro de actas para registar o semi-clandestino acto, ademais ilegal porque efectuado em face de resultados meramente provisórios e estando ainda pendentes vários recursos tanto da Lista F como da Lista H”, avança, lamentando a mudança das fechaduras das instalações, vedando o aceso, ainda que provisoriamente, à própria fiuncionária da Secretaria da ACV.
“Filomena Vicente não é vencedora”
Almada não reconhece o resultado do pleito de Outubro, sustentando que “Filomena Vicente nunca pode ter sido vencedora”, porque resultante de “uma farsa eleitoral”, em si “inválida e de nenhum efeito”, com “graves e grotescas violações dos Estatutos”, que culminou “com uma tomada de posse aparentada no ‘modus operandii’ dos seus protagonistas, a um verdadeiro assalto ao poder”.
E prossegue: “Ademais, e contrariamente ao que tem sido hábito na ACV desde, pelo menos, as eleições de 2014, em que as candidaturas, em listas únicas ou não, apresentavam sempre as respectivas plataformas eleitorais, conjuntamente com as respectivas listas eleitorais, de Filomena Vicente não se conhece nenhuma plataforma eleitoral que pudesse facultar aos sócios o conhecimento das suas ideias fundamentais sobre o futuro próximo da ACV e, assim, proporcionar-lhes uma escolha esclarecida, e não somente uma suposta vitória em função da arregimentação primacialmente de novos inscritos na ACV que, aliás, muito pouco conhecem da ACV e da sua longa e rica História, protagonizada por sucessivass gerações de cabo-verdianos, radicados em Portugal, e não só”.
Hopffer Almada congratula-se com o facto de, “por razões várias, na entrevista concedida ao Jornal A NAÇÃO, a cabeça de-lista B e suposta Presidente da Direcção da ACV ter mudado, radicalmente , no tom abaixo-botista e populista do discurso patente no ‘Manifesto da Lista B’, para, sempre coadjuvado pelo seu mandatário-escriba de serviço, passar, doravante, a reconhecer o meritório contributo” dado à Associação, por todas as direcções anteriores.
Até ao fecho desta Edição, o visado presidente-cessante da Mesa da Assembleia-Geral, Mário de Carvalho, escusou-se a exercer o contraditório.