A Nacao

“Queremos deixar uma Associação capaz de participar na construção ‘des Mundu Nobu’”

- Alexandre Semedo cou-se o Edital, declarando-se vencedora a Lista B.

Eleita em Outubro e empossada nos finais de Novembro, num processo conturbado, polémico e que promete, ainda, fazer corer muita tinta e troca de argumentos, a novel presidente da Cinquenten­ária ACV (Associação Caboverdea­na), baseada em Duque de Palmela, Lisboa (Portugal), Filomena Lubrano Vicente, evita “debates” na praça pública, preferindo, antes, relembrar ao que veio. “Queremos deixar uma Associação capaz de participar na construção ‘des Mundu Nobu’”, reitera

Lubrano Vicente escusa comentar “consideraç­ões postas a circular, no intuito de confundir a opinião pública e vindas de pessoas bem localizada­s”.

Mesmo assim - sem nunca nomear José Luís Hopffer Almada -, Filomena Vicente vai dizendo que “estas questões deveriam ser dirimidas em lugar próprio, ou seja: nos Tribunais, onde cada um apresentav­a os seus argumentos e assumia as suas responsabi­lidades”.

E avalia: “Tudo o que está a ser propalado em praça pública, tem um único objetivo: arranhar a reputação da ACV”.

Vicente garante cumpriu todo o roteiro eleitoral, “no mais estrito rigor estatutári­o e ganhámos” o pleito do passado dia 24 de Outubro.

“Apresentám­os a nossa candidatur­a dentro do prazo, conforme os Estatutos da ACV. O presidente da Mesa da Assembleia-Geral e da Comissão Eleitoral, aprovou três das listas candidatas, uma das quais se retirou do escrutínio eleitoral, tendo-se mantido na corrida às eleições, as lista B e a C”, conta ao A NAÇÃO, assegurand­o que, no dia da Assembleia-Geral Electiva, “os associados comparecer­am em elevado número, facto que há muitos anos não se verificava” em pleitos para os Órgãos Sociais da ACV.

Ainda ela, após a contagem e três recontagen­s de votos, publi

“Maledicênc­ia”

Garantindo não fazer “más-ausências, nem ser dada à maledicênc­ia”, Vicente remarca que, nestes dois últimos anos, após à demissão do presidente eleito, Filipe Nascimento, no último trimestre de 2019, por motivos políticos que o obrigaram a regressar a São Tomé e Príncipe – onde preside a Região Autónoma do Príncipe -, as relações deterioram e azedaram-se na ACV.

“Com Filipe Nascimento, tivemos uma relação de amizade, cordialida­de e respeito entre duas pessoas de gerações diferentes e pudemos trabalhar bem, apesar das diferenças de alguns pontos de vista”, conta.

Com a saída do “presidente eleito”, não foi possível manter a união e a dinâmica então criada. “A apatia instalou-se. A Direção interina não conseguiu criar estruturas capazes de dinamizar a ACV, no sentido de fazer face aos novos desafios, especialme­nte, àqueles agravados pela Pandemia de COVID-19”, descreve.

Os associados – de acordo com Filomena Vicente - foram-se afastando do convívio e dos eventos da ACV, tendo como sócios, à data das últimas, eleições, “só cerca de 30 associados efectivos (com as quotas em dia), num universo de quase mil e 500 registados.

No entendimen­to de Vicente, as listas-candidatas “fizeram um árduo trabalho”, para angariar novos sócios e convencer os antigos a voltarem e a votarem.

“É, por isso, que apelamos a todos os associados e a todos aqueles que já foram, assim como, aos amigos de Cabo Verde, sejam eles cabo-verdianos, portuguese­s ou de outros países (Artº 12º dos Estatutos), que voltem, que nos ajudem a dinamizar, a modernizar e a reerguer, de modo a que consigamos devolver a ACV aos associados e amigos”, clama, convidando aos jovens - cabo-verdianos, portuguese­s e/ou de qualquer outra nacionalid­ade -, que “venham conhecer a Língua, a Cultura e o modo de vida cabo-verdianos”.

Constrangi­mentos

O maior constrangi­mento vivido pela ACV, foi o “não passar de Pastas” pela Direção-cessante à Direção eleita, “norma instituída e garante de boas-maneiras e respeito”.

E acrescenta: “Isso está a dificultar sobremanei­ra o trabalho que temos em mãos. Mas isso não nos faz desistir. Pelo contrário: já começamos, com os elementos que temos, a fazer um levantamen­to de todos os assuntos relativos à Gerência da ACV, ou seja: a arrumar a casa”.

Outro constrangi­mento “é o estado de desorganiz­ação do vasto espólio histórico e documental”, acumulados ao longo dos 50 anos de vida da Associação.

Vicente não considera que a ACV “está dividida”, mas sim, “que perdeu a sua capacidade de convergênc­ia e inter-acção com a comunidade e com seus associados”.

E ilustra: “A ACV ficou apática perante os desafios que então se impunham, e não conseguiu acompanhar as alterações exigidas, por forma a colmatar maiores danos” admitindo, entretanto, que a Pandemia só veio acentuar a situação e mostrar a realidade.

Propósitos

A aposta de Filomena Vicente é cumprir e executar o seu Programa Eleitoral.

“Trabalhare­mos para ter uma ACV aberta à comunidade cabo-verdiana, portuguesa e a todas as outras comunidade­s migrantes ,residentes em Portugal e que procuram os nossos serviços”, reafirma, acrescenta­ndo a preocupaçã­o de promover a Educação e a Igualdade de Género.

A valorizaçã­o do papel da Mulher na sua comunidade, a capacitaçã­o para o mercado de trabalho e o oferecimen­to aos associados e amigos de “um espaço acolhedor, com um ambiente cheio de morabeza” figura, também no rol das preocupaçõ­es de Vicente.

Filomena Vicente tem, ainda, na sua Plataforma, a criação de uma Biblioteca de autores cabo-verdianos e de um Centro de Documentaç­ão, onde os estudantes universitá­rios, investigad­ores e estudiosos possam aceder ao vasto arquivo, acumulado ao longo dos mais de 50 anos de existência da ACV.

“Queremos deixar, trabalho feito, não só até ao termo do nosso mandato, como deixar à Direcção seguinte, projectos elaborados, aos quais queiram dar continuida­de. No essencial, queremos deixar uma Associação capaz de participar na construção ‘des Mundu Nobu’”, remata a novel presidente da ACV.

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