A Nacao

Cabo-verdiano salva idoso de afogamento em Portugal

- Ricénio Lima

José Brito, o cabo-verdiano que salvou sábado passado, em Lisboa, um idoso de 68 anos de morrer afogado, recusa o titulo de herói. Diz que faria tudo novamente. O seu gesto mereceu o aplauso dos presidente­s de Portugal e de Cabo Verde.

José Brito, 37 anos, natural da ilha de Santiago, passeava sábado, 12, junto ao rio Tejo, na baixa de Lisboa, com o filho Bryan de sete anos, quando se apercebeu que um homem se tinha atirado junto ao rio.

“Pensei que se tivesse atirado para ir buscar qualquer coisa e comecei a filmar, mas ao fim de 45 segundos percebi que continuava de barriga para baixo, a boiar sem se mexer. Uma pessoa daquela idade não ia se aguentar muito tempo”, conta ao Correio da Manhã.

Como mostram os vídeos que circulam nas redes sociais, de imediato, José despiu-se e atirou-se ao rio, onde puxou o idoso de 68 anos para a margem.

“Saltei para a água e nadei até ele. Não se mexia. Puxei-o até à margem e não sei como tive forças para pegar nele e colocá-lo na escada. Não respirava e já estava a espumar da boca, mas virei-o de lado para que mandasse fora a água que tinha nos pulmões”, detalha.

Os bombeiros chegaram de seguida, com o idoso já reanimado, encaminhan­do-o ao hospital. Informaçõe­s posteriore­s referem que o mesmo se encontra fora de perigo e que vai ser submetido a tratamento, ao que tudo indica, de foro psicológic­o.

Marcelo enaltece coragem

O presidente de Portugal soube do episódio e fez questão de telefonar ao herói cabo-verdiano. Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu o “bom exemplo de solidaried­ade humana e de coragem” demonstrad­o por José Brito.

“Em tempos tão difíceis, esta ação certamente marcará os que assistiram, no local, ao salvamento, como todos os que dele tiveram conhecimen­to. O exemplo de José Brito deve ser distinguid­o pela coragem e pela vontade de ajudar o próximo”, acrescento­u.

Em Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca também não ficou indiferent­e. “Mais do que coragem, sobressaem o cuidado, o amor e o respeito pela vida humana, pela vida do outro. Esses traços nobres do seu carácter revelam em si pessoa destemida, rara, cuja intenção generosa de salvar uma vida empresta grandeza à sua alma e faz de si um verdadeiro herói!”, escreve o presidente da República.

“Faria tudo de novo”

O cabo-verdiano, agora distinguid­o pela sua coragem, tanto em Portugal como em Cabo Verde, é antigo pescador e está em Lisboa desde 2004, quando foi evacuado para um transplant­e de medula. Como relata, essa não foi a primeira vez que se viu na situação de ter que se atirar à água para salvar gente do afogamento. Como pescador, em Cabo Verde, isso chegou a acontecer.

José Brito trabalha actualment­e como cozinheiro num centro de apoio a sem abrigos e é pai de cinco filhos. Um deles, o Bryan, presenciou o acto de bravura do pai, orgulhando-se disso: “O que o pai fez foi espectacul­ar”.

José Brito recusa, entretanto, o título de herói e diz que “faria tudo de novo” para salvar uma vida. Brito poderá nos próximos dias ser condecorad­o pela embaixada de Cabo Verde em Lisboa e pela Presidênci­a da República Portuguesa. O vídeo do seu acto tornou-se viral e circula pelo mundo.

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José Brito
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