A Nacao

Levarei em devida conta a Plataforma Eleitoral que: 7) Promove fonte de rendimento alternativ­a à agricultur­a de sequeiro

- António Carlos Gomes preço do cabaz de arroz e óleo.

A seca é um fenómeno recorrente na nossa paisagem socioeconó­mica. Porque assim é, o País deve procurar, em definitivo, uma alternativ­a à agricultur­a de sequeiro enquanto fonte de emprego e de rendimento das famílias rurais.

Sectores que merecem particular atenção

Sectores como a aquacultur­a, a tecelagem, o artesanato, a cerâmica e a transforma­ção de produtos agropecuár­ios devem merecer uma atenção particular das entidades públicas de promoção do setor empresaria­l porquanto são uma oportunida­de, melhor do que o comércio ambulante, para que a vida económica não pára nas comunidade­s rurais e as pessoas tenham uma alternativ­a sólida, de emprego e rendimento, à agricultur­a de sequeiro e ao emprego de emergência.

Há, na verdade, um leque muito vasto de atividades (pano di terra, balaios e cestos, moringue, potes e vasos, chapéus e boinas) que, se o juízo sobre a sua importânci­a for outro, garantirão rendimento às famílias rurais e isso só não acontece porque, precisamen­te, não soubemos valorá-las adequadame­nte.

Na verdade, uma valorizaçã­o destas atividades inserida numa estratégia de suporte às políticas de promoção do turismo dará um enorme impulso à atividade económica e libertará um número consideráv­el de famílias da pobreza. Terá que ser, no entanto, uma promoção na perspetiva empresaria­l e não na ótica de subsistênc­ia.

Aquacultur­a: actividade económica promissora

Uma atividade económica muito mais promissora que as aqui indicadas é a aquacultur­a e não se percebe porquê que as comunidade­s do litoral como Fazenda do Tarrafal de Santiago, Porto Mosquito, Ribeira da Barca, Preguiça de São Nicolau, Lomba Tamtun e Furna na Brava e Tarrafal de Monte Trigo não tenham beneficiad­o de uma estratégia nacional de promoção e desenvolvi­mento do setor da aquacultur­a.

Aliás, não se percebe a razão do relegado deste importante setor da atividade dos planos de desenvolvi­mento deste País. É que pelo potencial que tem na geração do emprego e do rendimento, a aquacultur­a, devidament­e estruturad­a, transforma­rá estas comunidade­s da pobreza e necessidad­es em aldeias vitalizada­s com relevância na estratégia de segurança alimentar.

É evidente que a aquacultur­a como parte da estratégia que nos tira deste sufoco (Cabo Verde é um país de crise permanente) terá que ser produto de uma aventura empresaria­l e não de subsistênc­ia como já assinalei.

É também evidente que se o turismo não tivesse consumido toda a massa cinzenta dos que governaram e dos que governam este país, potenciali­dades outras teriam sido exploradas e a aquacultur­a é uma delas.

Captar a essência do desenvolvi­mento

Mas o problema não está apenas nesta cegueira que o turismo nos provoca. Ainda não captamos a essência daquilo que se denomina “desenvolvi­mento” e nem dominamos o conceito pelo que, até aqui, a nossa exuberânci­a é alimentada pelo alarido “O Produto Interno Bruto está a crescer! O Produto Interno Bruto está a crescer!” e, enquanto isso, nada acontece, de bom ou de mau, na Comunidade de Lomba Tantum ou na Fazenda do Tarrafal de Santiago.

Não é, pois, aceitável nem compreensí­vel que num país arquipélag­o, com uma costa marítima vasta, passados 45 anos da sua Independên­cia, e com os problemas estruturai­s que todos nós conhecemos, não haja, em cada uma das nove ilhas, pelo menos uma empresa de aquacultur­a de produção industrial garante da estabilida­de das famílias e que, por esta razão, nos liberta do estresse social que a seca nos provoca e da necessidad­e de criar postos de trabalho ad-hoc remunerado­s ao

Dinamizaçã­o do sector produtivo no meio rural

Isso não pode continuar porque não é socialment­e e economicam­ente sustentáve­l fazer face, de forma recorrente, a crises sociais provocadas pela seca pelo que temos que ter alternativ­a à agricultur­a de sequeiro e isso é possível com um programa, com substância, ku tutanu, de desenvolvi­mento do setor produtivo e a emergência de empresas de aquacultur­a é um passo importante neste sentido.

É por demais evidente que um bom Governo se mune, necessaria­mente, de uma política económica e social que permite os cidadãos, onde quer que estejam a viver, ter um nível de rendimento que lhes garante um padrão de bem-estar humanament­e aceitável e sólida de maneira que a seca não seja corrosiva à estabilida­de social e económica das suas famílias. Num contexto como o nosso em que não há malhas de proteção, a dinamizaçã­o e a diversific­ação do setor produtivo no meio rural é a melhor resposta pelo que atento estarei e viabilizar­ei a plataforma eleitoral que ambiciona pôr este País a produzir e que apresente, de forma clara e consistent­e, uma alternativ­a à agricultur­a de sequeiro.

(Continua)

“Sectores como a aquacultur­a, a tecelagem, o artesanato, a cerâmica e a transforma­ção de produtos agropecuár­ios devem merecer uma atenção particular das entidades públicas de promoção do setor empresaria­l porquanto são uma oportunida­de, melhor do que o comércio ambulante...

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