A Nacao

Da moda ao petróleo e ao 84.º lugar mais influente do mundo

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Folorunsho Alakija é a 20.ª pessoa mais rica de África e a segunda mulher mais rica atrás da angolana Isabel dos Santos (que, entretanto, tem estado a perder terreno desde que caiu em desgraça no seu país). Alakija começou a carreira nos anos 1970 como secretária no Banco Internacio­nal Merchant, onde trabalhou durante 12 anos. Aí subiu até ser responsáve­l da Corporate Affairs e gestora do departamen­to do Tesouro Financeiro da instituiçã­o.

No entanto, Alakija sentia que o famoso ‘tecto de vidro’ (que barra promoções a mulheres a lugares de topo um pouco por todo o mundo) a impedia de subir muito mais e abandonou a instituiçã­o para criar a própria marca, depois de estudar moda no Reino Unido.

Lançou a Supreme-Stitches em 1985 e tornou a marca numa referência internacio­nal com clientes Premium, que incluíam a primeira-dama nigeriana e amigas na indústria petrolífer­a internacio­nal. Depois, investiu na impressão e expandiu o negócio de 30 para mais de 100 funcionári­os rapidament­e.

Petróleo

Com um olho para o negócio e uma resiliênci­a que se tornou a chave para a fortuna, a hoje magnata nigeriana insistiu com o Ministério dos Petróleos do maior produtor de crude de África durante mais de três anos para prestar serviços, desde ‘catering’ à consultori­a e tudo foi recusado até que o próprio ministro sugeriu que tentasse obter uma licença de exploração de petróleo porque o governo estava a tentar colocar a exploração nas mãos de nacionais.

Alakija, que tinha visto recusada também uma licença para

É uma das maiores fortunas de África e integra a lista das 100 mulheres mais poderosas do mundo. Folorunsho Alakija, 69 anos, empresária nigeriana, começou como secretária, investiu numa empresa de moda que a tornou numa celebridad­e e lhe deu contactos preciosos. Daí investiu no petróleo. Religiosa, também dedica-se à filantropi­a.

transporte de petróleo, julgou que o ministro, que a recebera a custo e por pressão da amiga e cliente primeira-dama, estaria a fazer pouco do seu tempo, no entanto, decidiu submeter um pedido de concessão depois de estudar o negócio e as possibilid­ades de parcerias.

Saiu o ministro, o governo, entrou outro e depois outro enquanto a sua aplicação para licença andava em análise. Quando finalmente, muitos contactos mais tarde, saiu a aprovação foi para “o bloco que ninguém queria”, contou a empresária numa entrevista à CNN, offshore a mais de cinco mil pés de profundida­de, para o qual ninguém tinha tecnologia na altura para explorar e cujo investimen­to era o mais elevado.

A primeira batalha estava ganha, mas a guerra estaria só a começar. Para manter a licença da petrolífer­a FamfaOil, Folorunsho Alakija foi investindo as poupanças e munindo-se de parceiros conseguido­s através das amizades firmadas também no mundo da moda ao longo de anos de trabalho. Mais tarde, abriram-se portas, como a da americana Texaco que, depois, mudou o nome para Chevron e que tomou 40% do bloco, depois a brasileira Petrobras, especialis­ta em offshore em profundida­de.

Passaram-se 15 anos até que o bloco se tornasse rentável, trazendo uma batalha judicial com o governo que depois de se dar conta da dimensão da descoberta (mais de 250 mil barris/dia) no que pensava ser um bloco improvável, decidiu tomar 40% do share do bloco, e depois mais 10% com o argumento de que se mantivesse o bloco a empresária ganharia 10 milhões de USD dia sem benefício para o país.

Folorunsho Alakija, contra todos os conselhos, insistiu na sua intenção e e levou o governo nigeriano a tribunal porque “assumiu o risco e investiu as poupanças e não ia perder os benefícios do investimen­to porque o governo havia mudado de ideias depois”. Doze anos mais tarde, ganhou a acção e, em 2014, entrou para a lista das 100 mulheres mais poderosas do mundo no 96.º lugar.

Dedecada a viúvas e órfãos

Nascida em 1951, em Lagos, o pai é muçulmano com oito mulheres e 52 filhos com a mãe negociante em têxteis, Folorunsho Alakija aprendeu cedo a ser tenaz e a ter gosto pelos negócios. “Ajudávamos a minha mãe na loja e foi aí que aprendi sobre os têxteis”, antes de ir estudar para a Inglaterra. Religiosa, Alakija atribui o sucesso a um pacto com Deus que a levou a trocar o nome da marca e a fundar a fundação Rose Sharon dedicada a viúvas e órfãos.

A NAÇÃO/Valor (Angola)

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100 mulheres mais poderosas do mundo
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