A Nacao

Óscar Santos no Banco Central Um velho “arranjo” que se confirma

- Daniel Almeida

Óscar Santos, ex-edil da Praia, é o novo governador do Banco de Cabo Verde. Confirma-se assim a notícia avançada pelo A NAÇÃO, em Agosto de 2019, a dar conta que estava em curso um “arranjo” para colocar esse destacado dirigente do MpD à frente do Banco Central. Diante dos desmentido­s da altura, vê-se agora quem andou a jogar com o futuro de uma das mais importante­s instituiçõ­es do país.

Tirando os aspectos éticos e políticos da nomeação, a indicação de Óscar Santos para novo governador do Banco Central está longe de constituir uma novidade. Ela surge a menos de três meses das próximas eleições legislativ­as, para um mandato de cinco anos. A audição parlamenta­r, obrigatóri­a por lei, aconteceu no passado dia 31 de Dezembro, sem que a comunicaçã­o social tenha dado por isso.

Pelo menos o A NAÇÃO na sua edição nº623, de 08 de Agosto de 2019, dava conta que Óscar Santos estava a caminho do BCV. Isso na sequência de um clima de mal-estar instalado na Câmara Municipal da Praia (CMP), entre Santos e alguns elementos da sua equipa camarária, mal-estar esse que

acabou por se confirmar também com o afastament­o de alguns “destacados” vereadores da lista para as eleições autárquica­s de 25 de Outubro passado, vencidas por Francisco Correia, do PAICV.

A NAÇÃO avançara também, no mesmo artigo, que, em qualquer situação, de vitória ou derrota de Óscar Santos nas referidas autárquica­s, ele seria o escolhido para o cargo de governador do Banco Central.

A nomeação do novo governador do BCV, esta semana, vem explicar porque é que João Serra se manteve como governador com um ano de mandato caducado. O lugar estava a ser “guardado” para Óscar Santos, que também é quadro do Banco Central, mas ausente dessa instituiçã­o desde que assumiu as funções de vereador no tempo de Ulisses Correia e Silva, como presidente da CMP, em 2014.

Porém, na sequência do nosso artigo a dar conta do arranjo da sua nomeação para o BCV, o então edil da Praia insurgiu-se contra o jornal, afirmando que a notícia era falsa e que também não havia nenhum clima de mal-estar na Câmara Municipal da Praia. Furioso, enquanto presidente da CMP, Santos usou os meios da edilidade para apresentar uma queixa junto da ARC contra o A NAÇÃO (que perdeu), ameaçando recorrer a outros meios para obrigar o jornal a se retratar.

Quem também reagiu, em tom irónico, ao nosso artigo, foi o vice-Primeiro Ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia: “Você acha que retiramos Cristiano Ronaldo de jogar futebol para colocá-lo a jogar xadrez? É ridículo, não faz sentido! Estamos a tratar o assunto com total tranquilid­ade e no momento certo o Governo definirá o perfil”, afirmou.

“Vamos ser muito exigentes em relação ao perfil do novo Governador do Banco de Cabo Verde”, garantiu.

Diferenças

De recordar que, em Novembro de 2014, através do seu então líder parlamenta­r, Fernando Elísio Freire, hoje ministro de Estado e titular de várias pastas, o MPD insurgiu-se de forma veemente contra a decisão do então governo do PAICV de nomear o na altura ministro Humberto Brito para o cargo de governador do BCV.

Freire qualificou a escolha de Brito uma nomeação de “jogo partidário” e que isso se devia ao facto de o então Governo actuar de forma “arrogante”, querendo controlar todas as estruturas do Estado.

O certo é que tendo em conta o perfil académico do então ministro do Turismo, Indústria e Energia, Humberto Brito, e da questão de incompatib­ilidade, o Governo de José Maria Neves acabou por escolher João Serra para o comando do BCV, missão essa que ora termina, com a escolha de Óscar Santos para o lugar.

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