A Nacao

Fado mais pobre sem Carlos do Carmo

-

Em Portugal, 2021 começou com a notícia da partida daquele que foi e é um ícone do fado. Carlos do Carmo morreu na manhã de 01 de Janeiro, aos 81 anos, em Lisboa, onde tinha dado entrada no dia anterior com um aneurisma na aorta. Cabo Verde pôde, em mais de uma ocasião, ver actuar aquele que ajudou a internacio­nalizar o fado.

Carlos do Carmo eternizou canções como “Lisboa, menina e moça” e “Os putos”. Fez 81 anos no dia 21 de Dezembro e no último dia de 2020 deu entrada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, após um aneurisma na artéria aorta. Na manhã do dia 1 de Janeiro acabaria por perder a vida.

O fadista anunciou o fim da sua carreira de mais de 50 anos no início de 2019, mas, não sem antes encher, pela última vez, os coliseus do Porto e de Lisboa, com concertos de despedida.

“Será o ano da despedida, sem amarguras, sem azedumes”, disse na altura. Com um vídeo emotivo na rede social Facebook, agradecia assim aos que quiseram não perder os últimos concertos.

Embora mais afastado dos palcos, o artista ainda decidiu presentear os fãs com um último disco. “E ainda” ficou quase pronto e a editar. Foi gravado ao longo de três anos e programado para ser lançado em Novembro de 2020, data que viria a ser adiada. Nele, o fadista interpreta poemas de Herberto Helder, José Saramago, Sophia de Mello Breyner e Jorge Palma.

Em 2013, quando celebrou 50 anos de carreira, editou o álbum “Fado é amor”, que gravou em duo com vários fadistas, entre os quais Ricardo Ribeiro, Camané, Mariza, Raquel Tavares e Marco Rodrigues. Um ano depois foi reconhecid­o com um Grammy Latino de carreira e com o Prémio Personalid­ade do Ano Martha de la Cal, da Associação Imprensa Estrangeir­a em Portugal.

Aos 78 anos, em 2018, estreou-se a atuar em Nova Iorque, onde a NPR (rádio pública norte-americana) o descreveu como um “Sinatra do fado”. Em 2019, ano em que acabaria por anunciar o fim da carreira, foi-lhe atribuído o Prémio Vasco Graça Moura — Cidadania Cultural 2020.

Carlos do Carmo fica para a memória como a figura maior do panorama fadista. Cabo Verde pôde, em mais de uma ocasião, vê-lo a actuar na Praia e no Mindelo, numa delas ao lado do seu velho camarada Paulo de Carvalho. Ambos apreciador­es da música cabo-verdiana, amigos de Tito Paris, Dany Silva e outros, a sua morte não deixa de nos tocar também.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde