Perfil de quem se abstém
O “Estudo Sobre a Participação Eleitoral em Cabo Verde”, realizado pela Pro PALOP, publicado em Abril de 2013, teve por objectivo analisar a participação eleitoral em Cabo Verde “numa perspectiva de género e por grupos etários para conhecer as atitudes e as práticas que regem o comportamento eleitoral dos cabo-verdianos”. Deste modo, conseguiu-se traçar o perfil dos abstencionistas nos círculos nacionais.
Do total dos 1106 inquiridos recenseados, 94% já tinham exercido o seu direito de voto, pelo menos uma vez e pouco mais que 5% declarou nunca ter votado. Assim, o estudo concluiu que “cerca de 25% dos inquiridos recenseados alguma vez se absteve, sendo que 5,6% nunca votou e 19% já absteve alguma vez após ter participado numa eleição”.
Perfil por sexo
Por um lado, a análise por sexo concluiu que as mulheres representavam uma maior percentagem de recenseados, porém tendiam a abster-se mais do que homens, principalmente na faixa etária dos 65 anos ou mais. Por outro, nas outras faixas etárias, mais homens tendiam a absterem-se, sobretudo entre os mais jovens.
A análise por faixa etária permitiu constactar que o grupo que mais se abstém é o dos indivíduos entre os 25 e os 34 anos. E a abstenção tende a aumentar após uma primeira participação eleitoral.
Os jovens de 18 a 24 anos foram a faixa etária que apresentou as percentagens mais significativas dos que nunca votaram. Assim, em conclusão, o estudo sugere que o comportamento do eleitorado “pode indicar em parte um total desinteresse pela política ou, aquilo que a literatura designa de recusa da legitimidade do sistema político, que significa, insatisfação com a forma como o sistema funciona, o descontentamento com o desempenho dos políticos e das instituições”, entre outros aspectos.
Nível de instrução
A educação é um factor considerado importante nos períodos de mobilização eleitoral. De acordo com o estudo, “os indivíduos com melhores níveis de formação geralmente têm mais e melhor acesso à informação e geralmente (…) têm maior interesse em assuntos na área da política”. O que por si favorece uma maior mobilização e participação nos períodos eleitorais.
Os resultados do inquérito confirmaram que a grande maioria dos absentistas, 36%, tinha o nível de instrução secundário e que 18% tinha o nível superior. O que perfaz o total de 54%.
Contudo, a análise por sexo observou-se que entre as mulheres a situação inverte-se com estas a apresentarem na sua grande maioria níveis de instrução básico, 37%. Com cerca de 15% a nunca ter frequentado um estabelecimento de ensino.
Nível económico
Relativamente à situação económica dos abstencionistas inquiridos no âmbito do estudo, observou-se que a maioria é empregada, 43,5%. Sendo os desempregados (22,1%), os estudantes (10,3%), os reformados (6.3%), os domésticos (10,7%), outros (7,1%).
A abstenção também é vista pelos inquiridos no estudo como uma forma de mostrar o descontentamento ao sistema político, principalmente dos indivíduos com maior maturidade política. Portanto, trata-se de uma atitude politicamente motivada, que passa pela percepção que os eleitores vão fazendo dos vários actores que se candidatam ao exercício do poder em Cabo Verde.