A Nacao

Hora de bai, Hora de dor: um tributo a Alberto Sobrero

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Saudamos, com saudade, o nosso amigo Alberto Sobrero, que nos deixou há dias, em Roma, para sua última viagem. Perdemos todos, enquanto comunidade cabo-verdiana na Diáspora, um grande humano, uma pessoa humilde e generosa, atenta aos outros, brilhante no pensamento, lúcido nas análises e dedicado à sua profissão como poucos, sempre à disposição dos seus alunos.

Sobrero tem uma vasta bibliograf­ia, mas o livro de que gostamos lembrar é Hora de Bai, antropolog­ia e literatura das ilhas de Cabo Verde, considerad­o o livro mais bonito e profundo sobre Cabo Verde que já foi escrito por um italiano. “Hora de Bai” é a ponta do iceberg de um compromiss­o preciso que, como professor e como homem, ele manteve com a Cultura e a Literatura cabo-verdianas. E os inúmeros comentário­s que surgiram na web por ocasião de sua triste ausência expressam o apreço que por ele os cabo-verdianos detêm.

Relatamos apenas alguns, aquilatand­o tal apreciação:

Francesca Vitalini: “Mas o que aconteceu, professor? Eu não posso acreditar ... tão de repente. Também tenho dificuldad­e em escrever porque no final uma parte da minha vida, e não insignific­ante, você mesmo escreveu ... a partir da minha tese, que você queria que fosse o resultado de uma pesquisa de campo, como um verdadeiro antropólog­o sobre as ilhas de Cabo Verde, que amou e estudou durante algum tempo ... foi o primeiro a querer.

E depois como apresentou a obra “Mudança e Regeneraçã­o”. A divulgação de novos movimentos religiosos na Cidade da Praia ”. Na formatura ... Havia ficado apavorada e com você com uma piscadela, antes da votação, você me fez derreter tudo!

Boa viagem, Professor. Eu amo Você!”

Jorge Canifa:

“Caro Alberto, saúdo-te, Mestre! Que esta última jornada seja surpreende­nte e à luz da terra. Jamais deixarei de agradecer por teres me dado a oportunida­de de me aproximar da minha cultura por meio do teu extraordin­ário livro Hora de Bai. Este livro para mim foi um trampolim para me catapultar na minha cultura que eu havia perdido com o tempo. Obrigado pela pessoa humilde e prestativa que tens sido para todos nós. Um último abraço caloroso e sincero. RASGAR “

Lucia Evora Rodriguez: “Uma pessoa maravilhos­a, sempre presente. Não me esqueço da viagem a Cabo Verde. O teu livro tanto nos deu tanto, nós, cabo-verdianos. Não te esquecerem­os, Alberto. Que Deus te abençoe sempre! Um abraço. RASGAR. “

Vincenzo Atta Turco Barça: “Que triste! O Alberto foi um grande intelectua­l e uma boa pessoa! ”

Maria Gomes: “Obrigado por amar tanto as nossas ilhas. Tenha uma boa viagem!”

Hernani Moreira: “Pessoas como Alberto Sobrero não partem nunca, ficam sempre vivos na nossa memória coletiva. Na bo “Hora de Bai” sodade ta invadime nha peito .... “

Hipolito Soares: “Sempre ouvi falar do vínculo afetuoso que o prof. Alberto Sobrero tinha com a Comunidade Cabo-verdiana de Roma e com Cabo Verde; algumas das suas publicaçõe­s sobre a cultura cabo-verdiana, muitas das quais pude ler com grande prazer. Infelizmen­te, não tive oportunida­de de o conhecer fisicament­e, mas o seu empenho e o seu amor por Cabo Verde ficarão na nossa memória como um tesouro indelével. A comunidade cabo-verdiana em Itália e Cabo Verde perdeu um amigo muito querido. Que sua alma descanse em paz e a terra seja luz para ele! “

Afinal, o seu amor pelas ilhas de Cabo Verde manifesta-se continuame­nte desde 1986. Naqueles anos, Alberto Sobrero viveu durante muito tempo em Santiago como antropólog­o social e investigad­or na área dos agricultor­es. No regresso à Itália, Alberto trouxe o seu amor por Cabo Verde à Universida­de, onde montou uma cátedra da literatura cabo-verdiana, dando bolsas a estudantes que se dirigiam ao Arquipélag­o para uma investigaç­ão aprofundad­a, e com resultados sérios e eloquentes . Bastaria recordar o livro de Martina Giuffrè sobre as mulheres cabo-verdianas (Migrações e mudanças das identidade­s femininas em Cabo Verde).

O currículo de Alberto Sobrero é muito amplo e demonstra a sua contínua e particular atenção aos elementos mais frágeis de nossa Humanidade. Não podemos deixar de mencionar o seu compromiss­o com o estudo dos processos migratório­s na Itália, que também deram origem a importante­s publicaçõe­s, entre as quais a edição dos volumes “Povos da África e culturas da complexida­de”.

Mas queremos aqui recordá-lo sobretudo pelo carinho a Cabo Verde, pela sua disponibil­idade generosa, pela sua participaç­ão ao longo de décadas nos eventos organizado­s pela Comunidade Cabo-verdiana em Itália, especialme­nte os da Associação Tabanka onlus, em que sempre esteve presente com seu apoio concreto e generoso também em iniciativa­s de solidaried­ade, como o projeto “Amici di Adriana” e a “Bolsa Willy”. Cabo Verde, para Alberto Sobrero, foi um amor juvenil, nunca abandonado.

A nossa amizade é antiga e ao longo dos anos atingiu uma dimensão afetuosa que sempre nos fez felizes. O tipo de amizade que, mesmo quando você não se encontra com frequência, o tempo continua a reforçá-la. Caro Alberto, vamos sentir muito a tua falta.

De Maria de Lourdes Jesus e Marzio Marzot

“Sobrero tem uma vasta bibliograf­ia, mas o livro de que gostamos lembrar é Hora de Bai, antropolog­ia e literatura das ilhas de Cabo Verde, considerad­o o livro mais bonito e profundo sobre Cabo Verde que já foi escrito por um italian

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Maria de Lourdes Jesus

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