Vacinação em África começa devagar
A guerra das vacinas a nível mundial, tem deixado a maioria dos países africanos de fora, pelo menos no que diz respeito à aquisição em grande escala no continente.
A própria OMS tem alertado para o facto dos países africanos não serem tão bem “sucedidos” como os países “ricos” a garantirem o abastecimento.
“É profundamente injusto, que a maioria dos países africanos mais vulneráveis são forçados a esperar pelas vacinas, enquanto grupos de baixo risco, nos países ricos, já estão seguros”, alertou, citado pela BBC, Matshidiso Moeti, director regional para África da OMS.
A “lentidão” com que pode ocorrer a vacinação em África tem assim preocupado a OMS e não só.
O próprio presidente francês Emanuel Mácron propôs na sexta-feira, passada, que a Europa e os Estados Unidos da América entregassem “o mais depressa possível” 13 milhões de doses de vacinas em África, para que o continente pudesse vacinar, pelos menos os seus 6,5 milhões de profissionais de saúde, conforme relatou a LUSA.
Além das Seychelles e Maurícias há mais países da áfrica Subsariana que já iniciaram a vacinação, como a África do Sul (Johnson & Johnson), Ruanda (Pfizer e Moderna), Zimbabué (Sinopharm) e o nosso vizinho Senegal, que adquiriu por meios próprios a vacina chinesa Sinopharm.
A campanha do Senegal arrancou na terça-feira, 23, e nesta primeira fase abrange a aquisição de 200 mil doses de vacinas, 10% das quais disponibilizadas à Guiné-Bissau e à Gâmbia, dois países vizinhos.
Mas há ainda países do Norte de África, como Marrocos (Astrazeneca e Sinopharm), Algéria (Sputnik V) e Egipto (Sinopharm), que já iniciaram também a vacinação contra a covid-19. De salientar ainda que a própria União Africana encomendou 672 mil doses, para vacinar 38% da população do continente.
Há também vacinas fornecidas no quadro do mecanismo de acesso global às vacinas da aliança COVAX, da qual a União Europeia é o principal financiador, e da qual Cabo Verde é um dos países-piloto beneficiários, que já começaram a ser distribuídas.
Esta quarta-feira, 24, cerca de 600 mil doses da vacina da Astrazeneca e Universidade de Oxford University produzida pelo Serum Institute da India, foram entregues em Accra, capital do Gana.
Mas, no total, as estimativas da Aliança COVAX é para fornecer 600 milhões de doses de vacinas ao continente africano, o suficiente, segundo a BBC, para vacinar 20% da população de África até final de 2021.