Investidor cabo-verdiano também se diz burlado
The Resort Group em “falência fraudulenta”
Aversão do advogado do The Resort Group, Luís Rodrigues, no contraditório à notícia do A NAÇÃO, publicada na edição 701, de 04 de Fevereiro, “é tudo mentira”, assevera um alto funcionário dessa empresa, na ilha do Sal. “Ele é um dos principais culpados da situação caótica porque passa o TRG, a par de Jarret”, porquanto, “o que tem feito é desrespeitar a lei cabo-verdiana. Ele não faria isso em Portugal nem no Reino Unido”.
No referido “direito de resposta”, Luís Rodrigues afirma que quem deve ser investigado, nessa situação em que os proprietários dos apartamentos se dizem lesados, é o regulador cabo-verdiano.
“Logicamente”, contrapõe a nossa fonte, “que no Reino Unido, igual que em Espanha, há um regulador que garante que todos os títulos lançados no mercado sejam correctos.
São instituições que avalizam esses títulos e, por isso, têm uma responsabilidade. E as pessoas que compraram esses títulos que veem agora que não valem nada, se dirigem, naturalmente ao regulador, mas isso não tira a responsabilidade do TRG”, afirma o nosso interlocutor, realçando que “neste momento esses títulos valem zero, independentemente da forma como o regulador terá feito ou não o seu trabalho”.
Burla aos investidores
De toda a forma, prossegue a mesma fonte, o mais grave é a burla que se regista neste momento contra os investidores.
Luís Rodrigues disse que o TRG cumpriu ao entregar as casas e por ter pago os juros até à data do início da pandemia.
“Outra mentira”, contrapõe novamente a nossa fonte, dado que os imóveis não estão escriturados no cartório no nome dos seus verdadeiros donos.
“Isto consta de uma carta, de
O The Resort Group criou uma empresa fictícia em Gibraltar como forma de fugir ao fisco cabo-verdiano e britânico. Diante dos problemas que apresenta, o grupo de Robert Jarret pode estar à beira de uma “falência fraudulenta”. Um investidor cabo-verdiano, que teve de recorrer à justiça, afirma-se igualmente burlado por aquele que já foi apresentado como um dos maiores empreendimentos turísticos de Cabo Verde.
Agosto de 2019, de um grupo de advogados de mais de dois mil proprietários. Nessa carta eles reclamam do não pagamento dos juros desde 2018”.
“Para mim, o mais grave, e que deveria servir para fazer cair Jarret e os seus capangas, é que a maior parte das unidades (apartamentos) nunca foram escrituradas”, continua a nossa fonte, perguntando, a propósito: “Porque é que se vende um património e não se faz a devida escritura?”
Segundo este colaborador desse grupo de hotéis, tido até então como dos mais dinâmicos do país, com empreendimentos no Sal e na Boa Vista, os proprietários dos referidos imóveis insistiam, sempre, no sentido de se fazer a escritura dos seus apartamentos, mas “nunca houve uma predisposição do TRG no sentido de cumprir com o estipulado nos contratos”.
“Pelas informações que tenho, essas vivendas/apartamentos foram utlizadas como garantia ou hipotecadas para obter empréstimos na Caixa Económica de Cabo Verde e no Banco Cabo-verdiano de Negócios (BCN). Isso é um delito, é uma burla, porquanto estás hipotecando algo que não é teu”, enfatiza, ao mesmo tempo que desafia as autoridades cabo-verdianas a investigarem o que se anda a passar.
No seu direito de resposta, o TRG diz que A NAÇÃO insultou os trabalhadores do grupo, ao que nosso interlocutor contrapõe: “Para mim, o maior insulto é não pagar salários aos trabalhadores”.
E em tom indignado faz esta revelação: “Não há dinheiro para pagar o salário dos trabalhadores, mas há recursos financeiros para pagar os salários dos membros do Conselho de Administração”.
E para comprovar o que diz desvenda que, na quarta-feira da semana passada, “saíram 150 mil euros dos cofres dos hotéis para pagar os membros do conselho de direcção. Enquanto isso não aparecem 60 mil euros para pagar os salários dos trabalhadores”.
Salários dos trabalhadores
Conforme a nossa fonte, desde Outubro, quando se começou a deixar de pagar os salários dos trabalhadores dos hotéis, saíram mais de 600 mil euros das contas dos hotéis, que estavam em Gibraltar para pagar os membros do Conselho de Administração.
“Particularmente o salário do dono, o Jarret, que, neste momento, são 75 mil euros mensais. Eram 150 mil euros e ‘generosamente’ baixou o seu salário em 50%. Neste momento recebe 75 mil euros, que é superior àquilo que é necessário para pagar os funcionários, mensalmente”.
E continua: “A TUI não está a pagar ninguém neste momento, mas, em Novembro, pagou 420 mil euros que serviu para pagar salários em atraso de Outubro, em torno de 70 mil euros. E, ainda hoje, 26 de Fevereiro, se devem os salários de Novembro, Dezembro, Janeiro e Fevereiro. Desses 420 mil euros só aplicaram 70 mil em salários, o resto ainda está em Gibraltar. Este é o respeito que têm para os funcionários em Cabo Verde”.