Um tecto que ameaça ruir e a vida condigna que não chega
Em Cabo Verde, pelo menos na ilha de Santiago, já circula a variante inglesa da covid19. A informação foi confirmada esta segunda-feira pela presidente do Instituto Nacional da Saúde pública, Maria da Luz Lima, que vê o cenário com alguma preocupação. Mais do que nunca, a ordem é manter a vigilância apertada e reforçar as medidas de segurança individual. Enquanto isso, ainda não há data para o início da vacinação no país.
Anova variante da covid-19, segundo estudo do Governo britânico, pode ser até 70% mais contagiosa e mortal comparativamente ao vírus original desse vírus, pelo que, com a sua chegada no país, os casos graves de infecção podem vir a aumentar e, consequentemente, o número de óbitos.
A presença em Cabo Verde foi detectada através de amostras recolhidas em todas as ilhas e enviadas para Dakar, Senegal, com o apoio da Organização Mundial da Saúde. “Dos resultados que chegaram, identificaram que a maior parte do vírus circulante no país é da Europa Ocidental e foram sequenciadas nesta primeira fase 24 amostras e destas duas eram da variante inglesa”, referiu Maria da Luz Lima.
O INSP se comprometeu-se a, nos próximos dias, reforçar a comunicação para chamar a atenção das pessoas sobre a nova situação epidemiológica do país.
Ordem dos Médicos pede resposta urgente
O bastonário da Ordem dos Médicos solicitou “urgência” para uma resposta organizada e coordenada para “travar” a nova estirpe da covid-19, cuja presença no país acaba de ser anunciada.
Em declarações à Inforpress, Danielson Veiga sublinhou que já era esperada a entrada de novas variantes da pandemia, já que está a ser detectada a nível mundial, salientando que esta confirmação pode pôr em causa todo o trabalho realizado se as vacinas não forem disponibilizadas “a tempo e hora”.
“Aliás, segundo as investigações publicadas, as vacinas existentes até agora têm uma certa influência preventiva sobre essas variantes. Porém, em termos de prognósticos, não sabemos o que vai acontecer”, explicou, salientando que é por causa disso que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está a fazer pressão sobre a comunidade internacional para a agilização da vacina para que esteja disponível a nível global.
Danielson Veiga considera determinante a criação de condições para a efectiva operacionalização, quer da vigilância epidemiológica, quer da testagem precoce e imediata de todos os contactos de risco.
Ribeira Brava em alerta
Esta semana o concelho da Ribeira Brava, em São Nicolau, deu num salto para o segundo município com mais casos activos no país, após a Praia.
Depois de zerar os casos de covid por duas vezes, Ribeira Brava voltou a registar novas infeções a 23 de Fevereiro. Até esta terça-feira, e num período de oito dias, já contabilizava 46 casos activos, o segundo maior número actualmente no país.
Esta terça-feira, 02, foram analisadas no município um total de 82 amostras, das quais 24 resultaram positivas para o vírus.
Boa Vista também voltou a registar mais casos nos últimos dias, estando agora com 25 casos activos, depois de São Vicente com 28, e seguido da Ribeira Grande de Santiago com 21. Sal e São Miguel tem ambos 17 casos activos, Santa Catarina 15, Tarrafal de São Nicolau 10, São Filipe e Santa Cruz sete cada, Paul seis, Tarrafal e São Domingos três cada, Santa Catarina do Fogo e Maio dois cada e um em São Lourenço dos Órgãos.
No que toca a doentes hospitalizados, até segunda-feira quatro pessoas se encontravam internadas no hospital central da Praia, uma delas em estado grave. Em Santa Rita Vieira, Santiago Norte, estavam internadas oito pessoas, das quais duas em situação “crítica”.