A Nacao

Avales e mais avales

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A saga de avales do Estado à TACV/ CVA prossegue. Na sexta-feira passada, o Governo concedeu mais um, desta feita no valor de 440 mil contos, à Loftleidir, grupo proprietár­io da IcelandAir, que detém 51% da companhia aérea cabo-verdiana.

Em cinco anos, o Executivo de Ulisses Correia e Silva já concedeu quase 12,5 milhões de contos em avales ao que resta da antiga TACV.

“Salvar” a companhia

O Executivo, que desde 2016 vem concedendo sucessivos avales à TACV, diz que quer “salvar” a companhia, “devido ao seu papel na montagem do “hub” do Sal um dos pilares para a materializ­ação do conceito país-plataforma” e tendo em vista a manutenção dos postos de trabalho.

O primeiro aval desta retoma é de 4 milhões de euros (440 mil contos) e já foi emitido a favor do Banco Cabo-vertdiano de Negócios (BCN).

Em comunicado, o Governo assume que pretende “salvar” a empresa e, para isso, decidiu, “aprovar” os termos de um acordo a ser assinado entre os acionistas, Estado e a Loftleidir/Grupo Icelandair, “se todas as condições forem reunidas”, e cujas principais obrigações e compromiss­os assentam em seis pontos.

O primeiro ponto diz respeito ao Conselho de Administra­ção (CA) que passará a ter cinco administra­dores, sendo três nomeados pela Loftleidir/ Grupo Icelandair e dois pelo Governo.

“Um dos nomeados pelo Governo será Administra­dor Executivo com o pelouro financeiro e terá poderes amplos para a aprovação de todos os pagamentos na empresa. As decisões estratégic­as, designadam­ente, a definição da frota de aviões e de novas rotas, os ‘Business Plans` da empresa passarão a ser aprovados por maioria de 4/5”.

Redução da dívida

Já o segundo ponto prevê que “as empresas e entidades associadas aos dois accionista­s de referência e que sejam credoras da TACV deverão proceder a uma redução da dívida da empresa, permitindo o seu desafogo financeiro.

Paralelame­nte, negociaçõe­s com outros credores estão em andamento procurando o mesmo objetivo”.

O terceiro ponto tem a ver com as tarifas de “leasing” praticadas até agora, que “deverão ser alvo de uma redução a partir da entrada em vigor deste acordo e os três contratos de “leasing” existentes darão lugar a dois contratos e, consequent­emente, a frota passará a ser composta por duas aeronaves”.

Os prazos de validade dos referidos contratos de “leasing” serão reduzidos para um ano.

O quarto ponto do acordo estabelece que a empresa deverá “recentrar os seus objectivos e metas bem como o seu mercado-alvo, nos próximos 12 meses, privilegia­ndo as rotas para os países de acolhiment­o dos nossos emigrantes e os países emissores de turistas, designadam­ente Portugal e Estados Unidos. Não há, contudo, referência se serão rotas via Sal ou Praia, ou as duas.

Injecção de capital

O comunicado refere ainda ao quinto ponto, apontando que a TACV “deverá necessitar de uma injeção de capital fresco para o reinício das operações, designadam­ente, para financiar parte do saldo operaciona­l negativo estimado, por um período de 5 meses”. Para o efeito, diz o documento, a TACV recorreu à banca nacional para a mobilizaçã­o desse financiame­nto.

Nesse sentido, o sexto ponto do acordo, refere que o Estado deverá “garantir os empréstimo­s mediante a emissão de avales, além do aval no valor de 440 mil contos emitidos a favor do BCN.

Refira-se que o Estado é detentor directo de 39% das acções e, indiretame­nte, responsáve­l por 10% das acções detidas por emigrantes e trabalhado­res. A LoftLeidir CV/Grupo Icelandair, é detentora dos restantes 51% das acções.

Há quase um ano parada, desde o fecho das fronteiras, a 19 de Março, a esmagadora maioria dos trabalhado­res da TACV/CVA encontra-se em “lay off” e a companhia tinha três aviões parados em Miami, sendo que, conforme A NAÇÃO noticiou, um desses aviões já foi devolvido ao parceiro estratégic­o.

Recorde-se que ainda recentemen­te, o Governo autorizou um novo aval do Estado para um pedido de empréstimo de emergência da administra­ção da TACV/Cabo Verde Airlines (CVA), no valor de cerca de um milhão de euros, para pagar salários em atraso. O avale de sexta-feira passada é, pois, o segundo deste ano. No início de Fevereiro foram 110 mil contos e agora na 440 mil contos. Ao todo, desde 2016, são já 12,3 milhões de contos dados pelo Estado à TACV/CVA.

Quer o PAICV quer a UCID reagiram de imediato ao anúncio, dizendo o primeiro que o “Governo continua a enterrar dinheiro na TACV” e o segundo que a medida tem fins eleitorali­stas. GC

 ??  ?? TACV/CVA – avales do Estado
Ano Montante
2016 - 3 milhões de contos
2017 - 4,6 milhões de contos
2018 - 550 mil contos
2019 - 2,6 milhões de contos
2020 - 1,2 milhões de contos
2021 - 440 mil contos + 110 mil contos (ambos Fevereiro)
TACV/CVA – avales do Estado Ano Montante 2016 - 3 milhões de contos 2017 - 4,6 milhões de contos 2018 - 550 mil contos 2019 - 2,6 milhões de contos 2020 - 1,2 milhões de contos 2021 - 440 mil contos + 110 mil contos (ambos Fevereiro)

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