Empresa de fachada em Gibraltar
Em 2016, o The Resort Group, que tem à frente Robert Jarret, criou uma empresa em Gibraltar denominada Worldwide Paradise Travel (WPT).
De acordo com a fonte do A NAÇÃO, antes dessa data, os hotéis facturavam directamente ao tour operador, mas a partir dessa altura, passaram a facturar à WPT, “ou seja, uma espécie de autofacturação. Mas não facturam a 100% do preço. Por exemplo, se um quarto custa 100 euros, apenas facturam 70”.
Com isso, em termos de receita fiscal, “declaramos em Cabo Verde 70 euros, quando realmente esse quarto foi vendido a 100. Deixa-se de pagar IVA e IRSP”.
Esta contabilidade criativa é transferida para os relatórios de contas que acabam por assumir que os hotéis não dão lucros. Mas isso advém do facto, segundo a nossa fonte, de todo o lucro ficar na sociedade criada em Gibraltar, a WPT.
O esquema aqui é o seguinte: “A TUI não paga aos hotéis, paga directamente à Gibraltar, que depois nos transfere o dinheiro, quando quiser. As empresas cabo-verdianas do grupo só têm acesso a dinheiro cash, através de transferências dessa sociedade (WPT) em Gibraltar”.
Fuga de capitais
O TRG vem alegando que a situação é difícil por causa da pandemia da covid-19.
“É falso!”, garante a nossa fonte, segundo a qual, nos últimos quatro anos, os hotéis terão tido um lucro à volta de 60 milhões de euros, “mas esse dinheiro saiu para fora, aliás, nunca entrou em Cabo Verde, ficou retido em Gibraltar”.
Com essa fuga de capitais, o nosso interlocutor considera que o TRG está em falência técnica há praticamente dois anos.
“A única forma de salvar a empresa e salvaguardar os interesses dos accionistas, funcionários, fornecedores e o fisco, é fazer uma intervenção jurídica com o concurso dos credores. Mas esta solução não interessa a Robert Jarret que não quer perder o controlo da empresa”.
Ademais, conforme a nossa fonte, esta solução levaria a assunção do controlo da empresa por parte de um gestor judicial, que, “certamente, iria conhecer todos os podres dessa mesma empresa, porquanto, todas as despesas pessoais de Jarret, além do seu salário, são suportadas pelos hotéis”.
A nossa fonte acrescenta ainda que está-se “perante uma possível falência fraudulenta e maliciosa, por isso, o dono e administrador principal está a evitar de todas as formas recorrer ao concurso de credores, que é a única oportunidade para nos poder salvar. Falei com alguns credores importantes que estão dispostos a financiar a empresa para que não morra”.
Situação preocupante
O nosso interlocutor admite ainda que a situação do TRG é “preocupante”, por considerar que se está à beira da maior falência da história de Cabo Verde.
“Não significa apenas a falência dos hotéis; em jogo estão 1800 empregos directos que desaparecerão e muitos fornecedores terão problemas. São 11 milhões de euros que os hotéis estão a dever aos fornecedores locais”, alerta, salientando que este é um caso de polícia a exigir a intervenção urgente das autoridades cabo-verdianas, que para isso poderão contar com a colaboração das autoridades britânicas, caso quiserem es¥clarecer o que se passa com o TRG e Robert Jarret. DA