Morreu Jorge Guimarães Santos, fundador da Cabopress
Morreu, na terça-feira, em Lisboa, vitima de doença prolongada o jornalista Jorge Guimarães Santos, primeiro director da Cabopress, antecessora da actual agência Inforpress. Em vários aspectos um pioneiro do moderno jornalismo em Cabo Verde.
Jorge Guimarães Santos, também conhecido por Djita, era natural de São Vicente, e foi um dos pioneiros na moderna comunicação social em Cabo Verde.
Primeiro quadro formado em jornalismo, na antiga Jugoslávia, colocado à frente da então Rádio Voz de São Vicente, Guimarães Santos ajudou a revolucionar o noticiário radiofónico, repetindo o modelo a nível do jornalismo desportivo. Foi depois disso chamado para assumir, na Praia, a montagem da primeira agência cabo-verdiana de notícias, a Cabopress, que dirigiu de Setembro de 1988 a Novembro de 1991.
Colegas recordam o jornalista como um profissional dedicado, grande líder e sobretudo um bom amigo. É o caso do também radialista José Eduardo Fonseca Soares. “Jorge foi um profissional muito dedicado e trabalhador incansável que deu muito para o enriquecimento e desenvolvimento da Comunicação Social, nomeadamente Rádio e Agência de Notícias”, pontua, ao lamentar, na sua página do Facebook, o desaparecimento físico do colega de profissão.
Segundo recorda Fonseca Soares, “Jorge começou cedo como locutor na Rádio Barlavento, ainda no tempo do Liceu Gil Eanes, substituindo o irmão Luís Guimarães Santos, ‘Luizinho’, no programa “Juventude em Foco”. Mais tarde, foi pivô e apresentador de jornais, agenda de informações e Mantenha pa Rádie (ainda antes da partida para a formação em Jornalismo)”.
Como jornalista, dirigiu e apresentou também o programa “Desporto em Movimento”, que foi um marco na forma viva de tratar o Desporto nas antenas da Rádio.
Jornalismo mais pobre
Para o também fundador da Cabopress, hoje Inforpress, Franklin Palma, o jornalismo cabo-verdiano ficou “mais pobre” com o desaparecimento físico de Jorge Guimarães Santos.
“A notícia deixou-me abalado porque eu conheci o Jorge Santos ainda nos anos 70, ele trabalhava na rádio em São Vicente e mesmo à distância estabelecemos um relacionamento muito cordial, aliás, o que acontecia com os restantes colegas da rádio, que apesar de trabalharmos em órgãos diferentes, tínhamos um relacionamento muito interessante”, referiu Franklin Palma, em declarações à Inforpress.
Franklin recorda Guimarães como uma pessoa “meiga”, “responsável” e que fazia tudo com gosto e cuidado redobrado, lembrando que começaram a trabalhar juntos, aquando da fundação da Cabopress, após a criação de uma equipa de jornalistas para formar a redacção da agência de notícias.
“Mas tarde, aquando da criação da Cabopress, eu também transitei do jornal Voz di Povo, a convite do ministro na altura (David Hopffer Almada), que era exactamente para vir formar a redacção da agência de notícias, e o Jorge veio se juntar a nós para assumir as funções de director”, explicou.
Primeiro presidente da Assembleia Geral da Associação dos Jornalistas de Cabo Verde, AJOC, por dois mandatos, entre 1990 e 1994, mesmo doente, Jorge Guimarães Santos procurou sempre acompanhar as actividades da Associação, que ajudou a fundar, em Novembro de 1990, já depois da abertura política, anunciada em Fevereiro daquele ano.
Carlos Santos, actual presidente da AJOC, também lamenta a perda. “Jorge Guimaraes Santos consta da lista dos decanos do jornalismo e da comunicação social em Cabo Verde, que a AJOC espera homenagear tão logo surja oportunidade”, afirma.
Para além da comunicação social, Jorge Guimarães exerceu ainda as funções de comunicador para o desenvolvimento em projectos sucessivos co-financiados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).