A Nacao

“O maior desafio foi planificar na incerteza”

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Para a directora nacional da Educação, Eleonora Monteiro, o balanço do primeiro ano de covid-19 no sector do ensino é positivo.

“Foi uma prova de fogo para o sector da educação, mas conseguimo­s responder à altura dos desafios. De uma maneira geral, temos recebido da sociedade um feedback muito positivo às respostas dadas pelo Ministério da Educação no contexto da pandemia”, explica ao A NAÇÃO.

Incertezas e desafios

De entre os constrangi­mentos deste período de pandemia Eleonora Monteiro sublinha que o desafio mais complicado foi o de ter que “reprograma­r as orientaçõe­s e todas as respostas do processo de ensino e aprendizag­em num ambiente de incerteza”.

“Estávamos a funcionar normalment­e, já estávamos no final do segundo trimestre, o que nos permitiu avaliar os alunos com os dois trimestres e, ao mesmo tempo, tentar identifica­r as melhores respostas para manter os nossos alunos em contacto com os conteúdos, com a escola e com os professore­s”.

Segundo esta responsáve­l, não obstante as dificuldad­es, a tutela da educação conseguiu o apoio de diferentes parceiros e, seguindo exemplos internacio­nais, conseguiu organizar as respostas que se impunham.

Capacidade de resposta

“Foi um trabalho árduo mas conseguimo­s arranjar soluções. Num mês, já tínhamos as tele-aulas a funcionar e identifica­do as zonas de sombra para outras respostas com a preocupaçã­o maior de não deixar nenhum aluno para trás”.

Eleonora Monteiro garante que o sector teve a capacidade de adoptar soluções à medida que as dificuldad­es iam surgiam.

“Tivemos que recorrer à distribuiç­ão de fichas, às rádio-aulas e à utilização de todos os meios que tínhamos à nossa disposição para responder de uma forma efectiva e eficiente aos nossos alunos. Inicialmen­te, tivemos opiniões divergente­s já que uns achavam que deveríamos avançar, outros não.

Diante disso, foi preciso arriscar e dar uma resposta, já que a escola não representa apenas uma resposta em termos de cumpriment­o de conteúdos académicos programado­s, mas também respostas a nível social, da saúde e a nível socioemoci­onal dos alunos”, salienta.

Neste sentido, a nossa entrevista­da também destacou o importante papel desempenha­do pelos docentes.

“O papel dos professore­s foi fundamenta­l. Esta pandemia veio reforçar a importânci­a dos professore­s e das escolas e, sobretudo, o papel dos professore­s na sociedade”, diz, sublinhand­o igualmente os esforços dos pais e encarregad­os de educação que acompanhar­am os alunos em casa.

“Ensino à distância é para continuar”

A directora nacional de Educação, fez questão de realçar que que ficou claro que, no processo educativo, nada substitui as aulas presenciai­s que, entretanto, devem e podem ser complement­adas com o ensino à distância.

“Antes da pandemia já tínhamos iniciado uma sensibiliz­ação no sentido de os professore­s aderirem ao processo de formação visando a utilização de recursos digitais.

Tínhamos uma plataforma e, como se sabe, sempre que há uma novidade, há também uma certa resistênci­a”, diz, acrescenta­ndo que, entre outros aspectos positivos, esta pandemia “fez os professore­s reconhecer­em que o ensino à distância é uma ferramenta fundamenta­l”.

Por isso, esta responsáve­l fez saber que, independen­temente do que possa vir a acontecer, o ensino à distância é para continuar como complement­o das aulas presenciai­s.

“Nós vamos apostar nessa técnica porque é um complement­o do ensino presencial que não pode ser substituíd­o, já que ela para além do conteúdo, nos permite trabalhar a cidadania dos nossos alunos e todo o resto.

Mesmo depois da normalidad­e, o ensino à distância deve ser uma ferramenta e os professore­s têm de se adaptar. Vamos criar as condições para tal. O grande desafio será levar a internet a todas as escolas e comunidade­s e disponibil­izar meios eletrónico­s e informátic­os”, explica.

De entre as perdas e ganhos, Eleanor Monteiro considera que a pandemia instalou uma nova realidade no sector da educação.

“Aprendemos que a educação não vai ser o que era. Os desafios continuam e temos que adequar as nossas estratégia­s e metodologi­as a nível da educação. As perdas na educação são as mesmas da sociedade em geral, onde fomos privados da convivênci­a normal nas escolas”.

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