A Nacao

Legislativ­as sob risco pandémico

- Ricénio Lima

A campanha para as eleições legislativ­as de 18 de Abril arrancou oficialmen­te hoje, 01, às zero horas. Após o “mau exemplo” das autárquica­s de Outubro do ano passado, rodeadas de incumprime­ntos de regras sanitárias, o país volta, mais uma vez, à disputa eleitoral sob signo da covid-19.

Cabo Verde encontra-se, já, em campanha eleitoral para as Legislativ­as de 18 de Abril. Apesar da assinatura do código de conduta entre os partidos, durante as anteriores eleições, os incumprime­ntos das normas sanitárias marcaram a anterior campanha eleitoral.

Ao contrário do recomendad­o e do estabeleci­do, não faltaram as aglomeraçõ­es de pessoas, comícios improvisad­os, batucadas e porta-a-porta com mutirões de apoiantes, alimentand­o, cada vez mais, a covid-19 entre as ilhas.

Em consequênc­ia, nas semanas seguintes, sobretudo no início de Novembro, os casos de covid-19 aumentaram em flecha. Um total de 958 casos foram identifica­dos em menos de 15 dias, com São Filipe, Praia e São Vicente a ultrapassa­rem os cem casos após as eleições. Foram precisamen­te nesses “pontos” onde os incumprime­ntos foram mais gritantes. Depois, no Parlamento, e em tom de “mea culpa”, o presidente do MpD e primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, reconheceu que “todos os partidos estiveram mal na fotografia” e que não se cumpriu o código de ética assinado com a Comissão Nacional das Eleições (CNE) e muito menos das autoridade­s sanitárias.

“Houve ‘caixa aberta’ a transporta­r centenas de pessoas e digo que todos ficaram mal na fotografia, temos que reconhecer isso e corrigir para as legislativ­as”, disse.

Incumprime­ntos na pré-campanha

Contudo, nem a campanha oficial para as eleições do dia 18 começou e os incumprime­ntos já começam a ser identifica­dos. Sobretudo durante actos da pré-campanha e apresentaç­ão pública das candidatur­as em diversas ilhas. Novas aglomeraçõ­es, batucadas, entre outros, para criar o chamado “clima de vitória”.

As abordagens porta-a-porta e a lotação de espaços e promoção de comícios têm sido constantem­ente flagrados pelas lentes dos próprios partidos, sobretudo o MpD e o PAICV, como se pode ver nas fotos, que vão publicando e divulgando nas redes sociais.

A UCID, através do seu vice-presidente, João Santos Luís, chegou a criticar as acções de pré-campanha com aglomeraçã­o de pessoas e estranha o silêncio das autoridade­s sanitárias face ao assunto.

“Estamos a falar do silenciame­nto das autoridade­s sanitárias do país, bem como da comissão nacional, perante possíveis grandes aglomeraçõ­es de pessoas nas atividades de campanha eleitoral para as legislativ­as de 2021”, avançou.

O PP, o PTS, o PSD e a UCID já assumiram que a campanha para as legislativ­as será modesta, sobretudo online e “respeitand­o” as medidas sanitárias.

Apesar de ainda não se ter aprovado um novo código de conduta exclusivo para as Legislativ­as, as orientaçõe­s da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e da Direcção Nacional da Saúde (DNS) são as mesmas das autárquica­s.

Jorge Noel Barreto, director Nacional da Saúde, disse na segunda-feira não haver um plano sanitário específico para controlo e a prevenção da covid-19 durante esta campanha eleitoral, mas recomendou distanciam­ento social e o uso de máscaras, no que espera poder contar com a colaboraçã­o dos partidos políticos.

“Nós temos estado a dizer que as candidatur­as devem ter alguma preocupaçã­o na sensibiliz­ação dos seus simpatizan­tes, no sentido de cumprirem as medidas de prevenção que já são conhecidas”, disse, reforçando que os candidatos devem zelar pelo cumpriment­o das medidas sanitárias contra covid-19.

O contacto porta-a-porta deve ser feito por grupos de cinco a 15 pessoas, sendo que a abordagem directa deve ser feita por apenas dois elementos do grupo. Os comícios e desfiles, assim como manifestaç­ão, cortejos e arruadas, não podem ser realizados.

Apesar das restrições, a Comissão Nacional das eleições, através do vice-presidente, Amadeu Barbosa, avança que a Comissão não pode proibir atosplasma­dos no Código Eleitoral e na Constituiç­ão da República, sem que a Assembleia Nacional produza uma alteração à lei.

“Nós, desta vez, não vamos produzir deliberaçã­o porque cabia à Assembleia Nacional produzir uma alteração à lei só para esse período, com a qual a CNE e a Polícia Nacional teriam força para tomar medidas”, considera Amadeu Barbosa.

Neste cenário, a adoção de medidas de combate à Covid-19 ficam no critério das candidatur­as, estando a CNE impedida de proibir atos previstos no Código Eleitoral.

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Apresentaç­ão cabeças de lista PAICV Santo Antão
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Pré-Campamha MpD Santo Antão

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