A Nacao

CNE ordena a suspensão da moratória do Governo para as rendas sociais

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A Comissão Nacional de Eleições ordenou, na semana passada, a suspensão da moratória governamen­tal para baixar ou isentar as rendas sociais das famílias afectadas pela pandemia, sob o risco de esta poder “favorecer” o partido que suporta o Governo nas legislativ­as que se avizinham.

A decisão da CNE consta da deliberaçã­o n o 69, na sequência de uma queixa do PAICV contra o Governo, referente à atribuição de moratórias – Casa para Todos. Para o PAICV, com esse procedimen­to, acompanhad­o da sua divulgação pública, o Governo está a fazer “propaganda política enganosa” junto dos cabo-verdianos.

Tendo dado razão ao PAICV, a CNE deliberou, por unanimidad­e dos membros, a participaç­ão do facto ao Ministério Público para efeitos de averiguaçã­o e responsabi­lização criminal, à luz do art.18o , no 1, al. I) do Código Eleitoral.

“Determina ainda, no sentido de que a concepção dos benefícios, enquanto medidas sociais públicas com impacto significat­ivo na vida dos beneficiár­ios, não considerad­as urgentes e inadiáveis, sejam suspensas, retomando-se a execução depois das eleições de 18 de Abril, preservand­o a integridad­e do pleito eleitoral em curso, reforçando as condições de uma disputa, igualitári­a entre as diferentes candidatur­as par os cargos colocados em eleição no próximo dia 18 de abril”, lê-se na deliberaçã­o.

De acordo com o documento, a isenção do pagamento do valor da renda traduziria num acto do Governo com vantagem ou benefícios a particular­es, potencialm­ente ficariam mais propensos a aderir às propostas de governação do partido que sustenta o Governo, e candidato às eleições de 18 de abril.

“Acontecend­o, constitui claramente a prática de um acto pelo Governo com potenciali­dade de favorecer o partido político [MpD] que o sustenta em detrimento dos demais, com recurso a bens públicos, violando assim o dever de neutralida­de e imparciali­dade”, acrescenta.

O Governo, recorde-se, decidiu isentar durante um ano o pagamento de rendas em habitações sociais às famílias sem rendimento­s e as restantes vão ver o valor reduzido, até nove euros por mês, devido às consequênc­ias económicas da pandemia.

A medida aplica-se a milhares de habitações de renda social, que estão sob a gestão directa dos municípios ou dos gabinetes públicos de realojamen­to e abrange as “famílias já realojadas e por realojar”.

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