O que ficou por fazer?
Três anos de seca “severa” e a covid-19 são apontados como factores que limitaram o cumprimento dos “compromissos” e “promessas” do Governo do MpD para esta IX legislatura que ora finda. Contudo, contradizendo esses alegados factores, num documento de 187 páginas, o executivo de Ulisses Correia e Silva garante: “Cumprimos! Programa do Governo 2016-2021”.
Uma vez mais, com o fim da presente legislatura, encontrando-se os partidos na estrada à procura do voto do eleitor, cumpre-se a tradição. Entre o que se prometeu durante a campanha eleitoral anterior e o que se realizou ao fim dos últimos anos, vai uma grande distância.
Sabendo disso, e querendo ser diferente, é de recordar que Ulisses Correia e Silva, em 2016, quando assumiu a chefia do Governo, garantiu em mais de uma ocasião que as dele não eram “promessas” de campanha mas, sim, “compromissos” de governação com o cidadão eleitor.
Chegada a hora da verdade, o que se verifica é que as grandes metas deste Governo da IX Legislatura não foram realizadas. Ou ficaram muito longe disso. A começar pelo “compromisso” de gerar uma média anual de 45 mil postos de trabalho e o crescimento económico de 7% também anual ao longo deste mandado que agora termina.
Aliás, ainda que relutantemente e contra a evidência dos números, tanto Ulisses Correia e Silva como Olavo Correia, a meio do mandato, lá tiveram que se render aos factos, passando todas as culpas, primeiro, para a “seca severa” de 2017, 2018 e 2019, e depois, a partir de Março de 2019, à covid-19.
No entanto, contrariando o próprio discurso auto-justificativo eis que surge o documento balanço desta legislatura de 187 páginas – “Cumprimos! Programa do Governo 2016-2021” – , a ressalvar que “o contexto difícil de três anos de seca severa e de pandemia da covid-19 fez com que não tivesse sido possível atingir essas metas. No entanto, as tendências apontavam para aí”.
Compulsando também os nossos arquivos, em entrevista ao A NAÇÃO, em Novembro de 2016, mesmo diante da dura
realidade, UCS assegurava que a promessa de crescimento médio de 7% “estava de pé” e era para se cumprir:
“Sete por cento em média no horizonte da legislatura está de pé. Vamos ter um crescimento previsto para 2017 de 5,5% e há todas as condições para acelerarmos o crescimento económico, com as reformas que temos desenhado e queremos implementar para que esse crescimento se possa robustecer, movido, essencialmente, através do investimento directo estrangeiro e de investimentos endógenos”.
Eis, pois, o que se verificou em matéria de taxa de crescimento do PIB ao longo desta legislatura: 4,7% (2016); 4,0% (2017); 5,5% (2018); 5,7% (2019).