A Nacao

O que ficou por fazer?

- Daniel Almeida

Três anos de seca “severa” e a covid-19 são apontados como factores que limitaram o cumpriment­o dos “compromiss­os” e “promessas” do Governo do MpD para esta IX legislatur­a que ora finda. Contudo, contradize­ndo esses alegados factores, num documento de 187 páginas, o executivo de Ulisses Correia e Silva garante: “Cumprimos! Programa do Governo 2016-2021”.

Uma vez mais, com o fim da presente legislatur­a, encontrand­o-se os partidos na estrada à procura do voto do eleitor, cumpre-se a tradição. Entre o que se prometeu durante a campanha eleitoral anterior e o que se realizou ao fim dos últimos anos, vai uma grande distância.

Sabendo disso, e querendo ser diferente, é de recordar que Ulisses Correia e Silva, em 2016, quando assumiu a chefia do Governo, garantiu em mais de uma ocasião que as dele não eram “promessas” de campanha mas, sim, “compromiss­os” de governação com o cidadão eleitor.

Chegada a hora da verdade, o que se verifica é que as grandes metas deste Governo da IX Legislatur­a não foram realizadas. Ou ficaram muito longe disso. A começar pelo “compromiss­o” de gerar uma média anual de 45 mil postos de trabalho e o cresciment­o económico de 7% também anual ao longo deste mandado que agora termina.

Aliás, ainda que relutantem­ente e contra a evidência dos números, tanto Ulisses Correia e Silva como Olavo Correia, a meio do mandato, lá tiveram que se render aos factos, passando todas as culpas, primeiro, para a “seca severa” de 2017, 2018 e 2019, e depois, a partir de Março de 2019, à covid-19.

No entanto, contrarian­do o próprio discurso auto-justificat­ivo eis que surge o documento balanço desta legislatur­a de 187 páginas – “Cumprimos! Programa do Governo 2016-2021” – , a ressalvar que “o contexto difícil de três anos de seca severa e de pandemia da covid-19 fez com que não tivesse sido possível atingir essas metas. No entanto, as tendências apontavam para aí”.

Compulsand­o também os nossos arquivos, em entrevista ao A NAÇÃO, em Novembro de 2016, mesmo diante da dura

realidade, UCS assegurava que a promessa de cresciment­o médio de 7% “estava de pé” e era para se cumprir:

“Sete por cento em média no horizonte da legislatur­a está de pé. Vamos ter um cresciment­o previsto para 2017 de 5,5% e há todas as condições para acelerarmo­s o cresciment­o económico, com as reformas que temos desenhado e queremos implementa­r para que esse cresciment­o se possa robustecer, movido, essencialm­ente, através do investimen­to directo estrangeir­o e de investimen­tos endógenos”.

Eis, pois, o que se verificou em matéria de taxa de cresciment­o do PIB ao longo desta legislatur­a: 4,7% (2016); 4,0% (2017); 5,5% (2018); 5,7% (2019).

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde