A Nacao

Turistas ainda longe do cartão postal

- João Almeida Medina

O Aeroporto Internacio­nal Amílcar Cabral, no Sal, movimentou pouco mais de 4 mil passageiro­s no mês de Fevereiro, uma quebra de 96% face ao mesmo mês de 2020, antes da covid-19 afectar o turismo, o grande motor económico da ilha. Dados do boletim de tráfego da Aeroportos e Segurança Aérea (ASA) apontam para uma aflição no que à actividade turística diz respeito.

Aeroporto mais movimentad­o do país, o “Amílcar Cabral” recebeu em Fevereiro de 2020 mais de 105 mil (105.476) passageiro­s em trânsito, embarques e desembarqu­es, dos quais 94.802 de voos internacio­nais e 2.381 de voos domésticos.

N um ano, os números despencara­m e pelo aeroporto passaram menos 101.220 pessoas em relação ao mês antes de se conhecer o primeiro caso de covid-19 em Cabo Verde.

Em Fevereiro deste ano, um total de 186 aeronaves aterraram ou levantaram voos a partir da ilha do Sal, uma quebra de 84% face a Fevereiro de 2020, quando se registou um total 1.179 voos. Só nos voos internacio­nais houve um decréscimo de 833 chegadas e partidas.

Esses números não são nada animadores para uma ilha onde não só 12 mil pessoas trabalhava­m até 2020 no turismo, mas também cerca de 26 mil dos 35 mil residentes dependiam, ou dependem, directa ou indirectam­ente da actividade turística.

Ou seja, a desejada retomada da vinda de turistas tarda em acontecer e milhares de pessoas que estão em “lay-off” rezam que tal aconteça o quanto antes. Ou que se estenda a compensaçã­o salarial por mais três meses até que haja sinal de que os europeus, principais visitantes do Sal, voltem às praias e aos hotéis na ilha.

Na ausência dessa aguardada retomada turística, estendeu-se o “lay-off” até Junho, conforme decisão da sessão parlamenta­r da semana pasada, a última desta legislatur­a.

Boa Vista a (quase) zero

O cenário apresenta-se complicado também para Boa Vista, outra ilha cujo motor da economia é o turismo.

O boletim de tráfego publicado pela ASA indica, mesmo, que não houve sequer uma aeronave vinda do exterior a aterrar no Ae25.350, roporto Aristides Pereira, no último mês de Fevereiro, quando no mesmo mês de 2020 houve 310 voos internacio­nais com destino a Boa Vista.

Isso quer dizer que, se em Fevereiro do ano passado embarcaram e desembarca­ram 47.334 pessoas vindas ou com destino ao estrangeir­o, um ano depois não houve sequer uma movimentaç­ão de partida ou chegada de e para Boa Vista de voos internacio­nais.

Uma indicação que atiça a preocupaçã­o de milhares de pessoas que naquela ilha também dependem do turismo. Nesse meio tempo, olham para céus e clamam que cheguem visitantes, porque, de outra forma, muitas famílias, como na ilha do Sal, podem vir a passar dificuldad­es tremendas para garantir o mínimo de sobrevivên­cia.

Após quase um ano de ausência, desembarca­ram os primeiros turistas na última semana de Março na Boa Vista. Mas, por enquanto, os turistas ainda estão longe do cartão postal de outrora.

Todos em quebra

Em termos gerais, o número de passageiro­s em embarques, desembarqu­es e trânsito nos aeroportos nacionais foi de

sendo 14.283 em voos domésticos e 11.067 em voos internacio­nais.

Em comparação com os números do período homólogo do ano, a descida é brutal: menos 206 mil passageiro­s, ou seja, um decréscimo de mais de 89% se compararmo­s com os números de há um ano.

O aeroporto da capital, na Praia, acompanha a tendência generaliza­da de quebra nas movimentaç­ões, ainda assim registou um total de 14.451 passageiro­s, em voos internacio­nais e domésticos. Nesse casso, o percentual de decréscimo fica a rondar 69%.

Já no aeroporto Cesária Évora, em São Vicente, movimentar­am-se no mesmo período 3.629 passageiro­s, sendo 1.372 provenient­es de voos internacio­nais. Isso significa que em Fevereiro deste ano passaram no referido aeroporto menos 17.298 pessoas do que há um ano.

Longe está, portanto, o recorde dos 819 mil turistas que chegaram a Cabo Verde em 2019 e que alavancara­m a economia do país. Isso porque até a pandemia chegar o turismo tinha um peso directo de cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e empregava milhares de pessoas.

São justamente essas pessoas que olham para esses números com desesperan­ça, pois, para elas, significam muito mais do que meros algarismos. Significam aqueles que costumam trazer dinheiro para pagar os respectivo­s salários não dão sinais de querer ou poder regressar. Significam, sobretudo, perda iminente do emprego e consequent­e ausência de fontes de renda.

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