Privatizações e transportes
No rol de mais de 20 empresas públicas e ou participadas do Estado, anunciadas para a privatização por este Governo, apenas a TACV foi alienada. Eéo que se sabe, com os avales que já acumulou, com graves riscos para o endividamento público (ver página 6).
Em 2018 deveria arrancar o processo de reestruturação, concessão e privatização de 23 empresas públicas e participadas do Estado. Com esta operação, que deveria culminar em 2021, o Palácio da Várzea pretendia arrecadar cerca de 90 milhões de euros.
O executivo pretendia alienar ou concessionar empresas ligadas aos sectores da água e energia (Electra), telecomunicações (NOSi e CVTelecom), portos (ENAPOR), aeroportos (ASA), produção e comercialização de medicamentos (Emprofac), imobiliária (IFH), estaleiros navais (CABNAVE), correios, Escola de Hotelaria e Turismo, seguro (Promotora). Mas estes processos de privatização ficaram na gaveta.
No sector dos transportes, o Governo encontrou a TACV atolada em dívidas, mas a funcionar com voos domésticos e internacionais. Contudo, o executivo de UCS decidiu descontinuar a vertente doméstica da companhia aérea de bandeira, cedendo o mercado, em monopólio, para a Binter, que já operava no país.
A TACV manteve as operações internacionais, gerida, inicialmente, por quadros nacionais, para depois, em Agosto de 2017, passar a gestão da companhia para as mãos do grupo Icelandair, da Islândia.
Em Setembro de 2018, o Governo anunciava a escolha da Icelandair como parceiro estratégico para a privatização da TACV. A companhia islandesa ficou com 51% das ações da empresa e 10% foram vendidas para emigrantes e trabalhadores dessa companhia aérea.
Contudo, apontado inicialmente como parceiro técnico e financeiro, a Icelandair cedo começou a dar mostras de alguma fragilidade financeira e logo cedo pediu socorro junto do Governo que lhe tem concedido sucessivos avales. A TACV/CVA não voa desde Março do ano passado, quando eclodiu a pandemia da covid-19.
Nos transportes marítimos este Governo encontrou um mercado livre, com vários armadores a operarem. Contudo decidiu lançar um concurso para a concessão o sector de transporte marítimo de passageiros e cargas inter-ilhas.
Em 2018, a Transinsular, do Grupo ETE, venceu o concurso público internacional para a gestão e exploração do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga entre as ilhas de Cabo Verde.
De acordo com o caderno de encargos do concurso, a empresa vencedora deveria operar com embarcações novas, mas, até hoje, a CV Interilhas, criada para garantir as ligações marítimas no arquipélago vem operando essencialmente com navios que pertencem aos armadores que antes operavam no mercado, com destaque para os ferries Kriola e Liberdade, da Cabo Verde Fast Ferry.