Cosméticos orgânicos para resgatar práticas ancestrais
Rosalina Lima conta que a NaturaBabosa, enquanto empresa, surgiu há dois anos, fruto da sua paixão pela Aloe Vera, popularmente conhecida como babosa, apostando nessa e noutras plantas para a produção de cosméticos orgânicos. “Sentia grande tristeza quando via esta dádiva da natureza, com grandes benefícios terapêuticos e nutritivos, a ser menosprezada, uma planta que espelha a essência e a bravura do povo cabo-verdiano”, explica.
Para além dessa paixão e tristeza, a jovem, natural de São Vicente, garante que um outro objectivo do surgimento da NaturaBabosa é o de “resgatar a tradição das nossas avós no uso das ervas, de valorizar os produtos locais, de promover uma filosofia de bem-estar, sustentabilidade ambiental e diminuição dos plásticos no meio
ambiente”.
E, de olho nessa tradição, a NaturaBabosa oferece cosméticos orgânicos (sabões, shampoo e óleos) que não agridem o meio ambiente e em embalagem que também seja amiga do ambiente. Para a sua confecção, a natureza serve de inspiração, eles são feitos de forma artesanal e “refletem a riqueza natural da nossa biodiversidade”, frisa Lima.
Inicialmente, a venda dos produtos da NaturaBabosa acontecia apenas em São Vicente,
mas agora tem revendedores em Santo Antão, Sal, Boa Vista, Maio e Santiago, e garante a nossa entrevistada que tem recebido “feedbacks” positivos por parte dos clientes.
Dificuldades e desafios
Olhando para o passado, Rosalina Lima conta que as primeiras dificuldades enfrentadas no início do negócio estavam ligadas às questões financeiras. A sua participação em dois concursos nacionais (Start up Universitário e Start up Challenge), conquistando num deles o terceiro lugar, ajudaram-na a avançar. Um outro estimulo surgiu da sua selecção para um programa de empreendedorismo em África (Tony Elumelu), na Nigéria.
Hoje, ultrapassados os constrangimentos iniciais, a jovem empresária sublinha que actualmente “o excesso de burocracia e as irregularidades dos transportes marítimos são os principais desafios a serem ultrapassados”.
Por outro lado, tendo em conta a conjuntura actual, marcada pela covid-19, e agora pelas eleições legislativas do próximo domingo, a entrevistada do A NAÇÃO diz esperar que o próximo Parlamento ajude a criar condições que levem os empresários a prosseguirem com os seus negócios.
“Precisamos de políticas rápidas e consistentes, de estímulo à economia, mas para isso precisamos também de intervenções estratégicas do governo em alguns sectores mais atingidos pela covid-19. É necessário evitar que as empresas de pequeno porte e no sector informal fechem as portas”, sugere.
Oportunidades na pandemia
A pandemia da covid-19, que assola o país desde Março de 2019, vem colocando desafios e constrangimentos a muitos negócios, nos mais diferentes sectores. Ao invés de ficar parada, Rosalina Lima diz que transformou esta grave crise sanitária numa oportunidade de investir em novos produtos e formas de promoção. “A pandemia, inicialmente, afectou o nível da venda, uma vez que alguns revendedores fecharam as portas, assim como certos contratos comerciais foram suspensos”.
Para contornar tal situação, a empresária conta que teve de redefinir a sua estratégia, adaptando-se ao momento de crise que praticamente mexeu com todo o mundo, aqui e lá fora. “Da nossa parte, procuramos driblar a situação apostando na produção de sabão desinfetante, entrega a domicílio e marketing digital”.
Apesar do abalo, que não foi pouco, Rosalina Lima prefere acreditar que novos dias estão a caminho.
Rosalina Lima é uma jovem empreendedora, idealizadora da NaturaBabosa, uma marca que aposta em produtos naturais para a confecção dos seus cosméticos. A empresária afirma esperar que o próximo Parlamento dê uma especial atenção ao sector empresarial, criando políticas que favoreçam o empreendedorismo.
Anícia Veiga